Um casarão construído há exatamente 100 anos pela família Lima Brito é o único da região central de Tanabi que ainda tem sua arquitetura original preservada. Com o avanço do progresso, o centro da cidade, que era predominantemente residencial, ganhou ares comerciais, e os antigos casarões tiveram suas estruturas modificadas ou foram colocados abaixo para abrigar escritórios, lojas e agências bancárias.
Preocupado com a preservação do patrimônio histórico e arquitetônico de Tanabi, o arquiteto recém-formado Eduardo Fonseca, de 23 anos, desenvolveu um projeto de retrofit para esse casarão centenário em seu trabalho de final de graduação na Unilago, mostrando que é possível reaproveitá-lo para fins comerciais sem descaracterizá-lo.
Retrofit é um processo de melhoria de instalações antigas que busca atualizar o espaço, corrigir problemas e torná-lo mais seguro e confortável para os usuários respeitando a sua arquitetura original. "Em meu trabalho, desenvolvi o projeto de um café para ocupar o espaço desse casarão. A fachada e os cômodos frontais seriam totalmente preservados", explica. "A minha cidade não tem uma cultura de preservação, e quis mostrar que é possível usar uma construção antiga para o comércio sem ter que colocar o prédio abaixo."
Segundo Fonseca, o casarão está vazio atualmente, mas, caso seja usado para fins comerciais, ele pretende sensibilizar os empreendedores para a preservação de seus traços arquitetônico históricos.
Entusiasta da preservação da memória de sua cidade natal, Fonseca já elaborou uma maquete eletrônica do antigo altar da Igreja Matriz de Tanabi, que sofreu modificações em sua estrutura há cerca de 60 anos. "A igreja atual é diferente da que existia antigamente. Sai à caça de fotos e vídeos para reconstruir o seu altar."
Casarão centenário
Localizado na Rua Barão do Rio Branco, o casarão de Tanabi que ainda resiste à especulação imobiliária foi construído em 1920, conforme a pesquisa realizada pelo arquiteto recém-formado. "De acordo com relatos de pessoas da comunidade, a casa foi construída a mando do senhor Antônio de Lima Brito, um comerciante muito conhecido naquela época, filho do capitão Laudelino de Brito, apoiador político do coronel Militão Alves Monteiro, o primeiro prefeito do município", conta Fonseca.
Em contato com um sobrinho de Lima Brito, ele descobriu que o comerciante, que era casado com a senhora Sebastiana Carvalho da Silveira, morou no casarão até seu último dia de vida, cultivando um grande apreço pela construção. "Não consegui descobrir quem fez o projeto, mas a forte estrutura erguida com alvenaria em tijolos assentados em barro ainda permanece firme. Originalmente, quando foi construída, a casa contava com sete cômodos. Atualmente, são apenas cinco. Parte da construção original foi demolida em 1940, e atualmente o que se encontra de pé equivale a 75% da área construída."
"Sua fachada voltada para o sudoeste conta com duas grandes janelas de madeira, que eram abertas para facilitar a ventilação dentro da residência, sendo essa simetria uma característica do início do século 20. Já nos fundos era possível encontrar a cozinha, o antigo banheiro, um poço de água e um belo jardim com plantas e árvores.