Neste ano, o América Futebol Clube completou 75 anos de existência. Uma história de muitas glórias e alegrias. O clube sempre revelou jogadores que fizeram história nos cenários regional, nacional e até internacional. Na década de 1960, meu pai, Nelson Marques Alves, o popular Muca, era o diretor das categorias de base do clube na gestão do presidente Antônio Zaia Tarraf, entre os anos de 1962 a 1967. Em 1972 Benedito Teixeira, o saudoso "Birigui" assume a presidência do América e o comerciante de colchões Pedro Favarini torna-se o diretor das categorias de base do clube. Foi uma verdadeira revolução.
Hoje no alto dos seus 88 anos diz: "Se tivesse seguido a vida como empresário poderia estar rico. Hoje dirigentes e empresários só querem lucrar com a venda de jogadores. Nós contávamos com um grupo de amigos e empresários da cidade e, acima de tudo, americanos, que contribuíam para gerenciar a base. Tudo feito por amor ao clube".
Favarini rodava a região atrás de jogadores com idade entre 17 e 20 anos, descobrindo e lapidando suas pérolas. Ele foi diretor de 1971 a 1994 e, em entrevista para o Diário da Região, em 2014, diz que "por baixo" foram uns 119 atletas que ele revelou. O centroavante Mirandinha foi um dos primeiros a gerar lucro ao clube. Jogou no Corinthians, no São Paulo, no futebol mexicano e na Seleção brasileira na Copa de 1974. Paulo César Donega foi um dos primeiros a sair do Rubro pelo trabalho de Favarini e jogar fora do país - foi para o futebol francês. Depois vieram outros como Paulo Cezar Catanoce, Silvinho, Márcio Florêncio, Cleomar, Clóvis, Edinan, Cléber Arado, entre tantos.
O trabalho colheu frutos. Foi vice-campeão paulista sub-20 em 1977, campeão da Taça SBS de Juniores no Japão em 1987, vice-campeão da Copa São Paulo de Juniores de 1988 e campeão paulista de aspirantes em 1992. "Éramos campeões do Interior e o torneio tinha entre 16 e 32 times", lembra Favarini. "O América sempre tinha no time profissional pelo menos quatro jogadores da base e um banco todo da casa", diz. O resultado financeiro com a venda de atletas era todo do América.
Ele parou em 1994. Dois anos depois, na gestão de Pedro Batista, o América teve como investidor Edison Fassina, que revelou outra gama de atletas, como Marcinho, Rovílson, Danilinho, Jales e Eduardo Alcides. O resultado veio em campo com o título do Campeonato Paulista Infantil (sub-15) de 2000. Em 2006, na gestão de Alcides Zanirato, o América foi campeão da 37ª edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Mas igual ao "seu Pedro", jamais. Eternidade ao presidente de honra do Rubro, Pedro Favarini.