Com quantos tijolos se constrói o muro da intolerância? No caso da Câmara de Rio Preto, com 12: Anderson Branco (PL), Bruno Moura (PSDB), Celso Peixão (MDB), Francisco Júnior (DEM), Jean Charles (MDB), Jorge Menezes (PSD), Júlio Donizete (PSD), Karina Caroline (Republicanos), Odélio Chaves (Progressistas), Paulo Pauléra (Progressistas), Robson Ricci (Republicanos) e Rossini Diniz (PL).
Esses 12 vereadores votaram contra, na sessão de terça, 30, projeto do prefeito Edinho Araújo (MDB) que criava o Conselho Municipal dos Direitos de Diversidade Sexual e de Gênero na cidade. O que se pretendia era formar um mecanismo institucional para ações afirmativas, inclusivas e de políticas públicas voltadas a um grupo discriminado e que somente quer ser amparado pelo respeito à dignidade da pessoa humana, como consta na Constituição Federal de 1988.
O dia 30 de março de 2021 é um dos capítulos mais repugnantes da história da Câmara de Rio Preto. A cada manifestação dos vereadores contrários à criação do conselho, era transparente a intolerância e o preconceito, embasados em argumentos jurídicos delirantes.
A principal tese defendida pelos parlamentares foi a de que o Conselho Municipal de Diversidade Sexual era inconstitucional porque a população LGBTQIA "já tem seus direitos assegurados pela Constituição Federal". É sinceramente constrangedor assistir a um advogado, como o vereador Odélio Chaves, falar isso sem ruborizar. O que dizer, então, dos inúmeros conselhos municipais que já existem, como o do Idoso, da Mulher, da Saúde, da Criança e do Adolescente e Antidrogas? Óbvio que a discussão de uma suposta ilegalidade era pura tática diversiva.
A sintaxe e a escolha das palavras dizem muito sobre o que realmente pensam os indivíduos, e os vereadores não fugiram a esta regra. Sem exceção, todos os parlamentares que declararam voto contra o conselho disseram que "respeitam a diversidade" e que "amam o próximo, mas"... ora, qualquer um que saiba um mínimo de gramática sabe que o uso da conjunção adversativa "mas" invalida tudo o que foi dito anteriormente. Amor e respeito ao próximo, portanto, são conceitos que passaram ao largo do voto dos 12 parlamentares.
E eles foram além ao cunhar termos preconceituosos como "opção sexual" e "ideologia sexual" - como se a orientação de cada pessoa fosse uma questão de escolha e, pior, de ideologia.
Não é porque a Câmara resolveu erguer o muro da intolerância que a luta desta população que tanto sofre com violência e preconceito vai cessar, ao contrário. Esses 12 vereadores é que estão do lado errado da história.