As aulas presenciais mal retornaram na rede estadual de ensino e os casos de Covid-19 já irromperam entre professores, alunos e funcionários das instituições na região de Rio Preto. Levantamento do Diário, confirmado pela Secretaria Estadual de Educação, mostrou que pelo menos cinco escolas da região já registram casos da doença. Não é possível afirmar que o contágio aconteceu no ambiente escolar, já que as atividades presenciais voltaram há pouco mais de uma semana, no dia 8 de fevereiro. Mas o simples fato de o vírus ter sido detectado entre frequentadores de escolas já acende um sinal de alerta.
Impossível ignorar o fato de que o risco de contaminação no ambiente escolar existe, ainda que sejam respeitados todos os protocolos sanitários. Por outro lado, o retorno das aulas presenciais parece ser cada vez mais inadiável diante do assombroso déficit educacional que o País pode ter se for aguardar a imunização em massa para permitir a volta à escola. O ensino remoto, por sua vez, exclui uma importante parcela dos alunos sem acesso à internet, além de privar os estudantes do convívio social, parte fundamental da formação do indivíduo em idade escolar.
Diante deste impasse, não parece haver outra solução senão incluir os professores entre os grupos prioritários da vacinação contra a Covid-19. São eles, afinal, que têm contato diariamente com estudantes de diferentes turmas e, embora a ocupação das salas esteja limitada a 35% da capacidade na fase laranja do Plano São Paulo - na qual a região de Rio Preto se encontra -, os professores passam por diversas salas todos os dias e, portanto, estão mais expostos ao risco de contaminação do que os próprios alunos. Os estudantes, aliás, têm a prerrogativa de decidir se retornarão ou não para a escola neste momento, enquanto os professores precisam estar presentes, com exceção daqueles que fazem parte de algum grupo de risco.
A imunização dos professores, no entanto, esbarra em um outro problema: a escassez de vacinas. Pelo calendário atual, esses profissionais só serão imunizados depois dos idosos com 60 anos ou mais, o que pode demorar meses, levando em consideração o ritmo em que as vacinas estão sendo disponibilizadas. Agilizar a vacinação dos profissionais de educação sem modificar o cronograma passa, necessariamente, pela ampliação da oferta de vacinas, o que depende do empenho do poder público em negociar insumos e viabilizar a produção de novas doses com a celeridade que o momento exige.
De imediato, não há doses para todos, nem mesmo para os idosos, principal grupo de risco da Covid-19. Assim, antecipar a vacinação dos profissionais da educação neste momento significaria atrasar a imunização de outros grupos que, mesmo não estando na linha de frente do combate à Covid-19, são considerados prioritários - como psicólogos, fonoaudiólogos e nutricionistas, que normalmente atendem de forma individual. Priorizar os educadores demandaria um pacto social, levando em consideração ao menos uma questão: quem cederia seu lugar na fila para os professores?