Poucos setores foram tão afetados pela pandemia quanto os bares. Sem atendimento presencial desde março do ano passado - salvo os breves momentos de afrouxamento das medidas restritivas -, o setor em Rio Preto vê o faturamento despencar, o que reflete diretamente em demissões. Diferentemente dos restaurantes, que mesmo nos períodos mais duros da quarentena conseguiram manter o atendimento por delivery e drive thru, os bares definharam diante das proibições, afinal, o que oferecem é a experiência da mesa compartilhada, da música ao vivo, do atendimento amistoso dos garçons. Serviços impossíveis de levar para dentro de casa.
Só em Rio Preto, são 344 estabelecimentos classificados exclusivamente como bares, além de outros 709 que, além de bar, funcionam também como choperia, pizzaria, restaurante ou lanchonete. O setor, segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, gera empregos diretos a aproximadamente 3,2 mil pessoas na cidade, número maior que toda a população de municípios como Marapoama, Rubineia e Mira Estrela.
Agora, quase um ano desde que a pandemia chegou a Rio Preto, discute-se o que fazer com esse segmento da economia. Na atual formatação do Plano São Paulo, os bares são os únicos estabelecimentos que não podem funcionar na fase laranja, em que Rio Preto parece ter estagnado mais uma vez. Somente a partir da fase amarela é que o setor estará liberado para atender de forma presencial, mas o avanço está condicionado à queda na ocupação de leitos de UTI por pacientes com Covid-19 - hoje em 64,7% no Departamento Regional de Saúde (DRS) de Rio Preto -, e de uma retração na quantidade de novos casos, internações e óbitos pela doença por 100 mil habitantes em um intervalo de 14 dias, números que hoje mantém Rio Preto na fase laranja.
Enquanto a região não atinge os índices que a credenciam para este avanço, os bares tentam, por outros meios, a permissão para funcionar. Pela via judicial o setor já sofreu uma derrota esta semana, quando a juíza da 2ª Vara da Fazenda de Rio Preto, Tatiana Viana Santos, negou o pedido do sindicato que representa a categoria para permitir a abertura desses estabelecimentos durante a fase laranja. A outra tentativa é o projeto de lei apresentado pelo vereador Anderson Branco (PL) que inclui bares no rol de serviços essenciais em Rio Preto, permitindo que funcionem até mesmo se a cidade regredir para a fase vermelha - a mais restritiva do Plano SP. O projeto está sendo analisado pela Comissão de Justiça e Redação da Casa.
O próprio secretário de Saúde, Aldenis Borim, já admitiu em coletiva de imprensa, que, ao fechar bares, aumentam as festas clandestinas. É inadiável, pois, que se apresentem soluções para amparar este setor, duramente penalizado pelas medidas restritivas. Cabe aos gestores públicos a sensibilidade para traçar um plano de retomada, com protocolos a serem exigidos - e fiscalizados -, para que o segmento possa voltar a respirar. Aos empresários, cabe a responsabilidade para coibir os abusos, evitando aglomerações e o descumprimento das normas sanitárias. O que não é possível é continuar a tratar como mero entretenimento dispensável o que para milhares de pessoas é fonte de sustento imprescindível.