Os dados do Impostômetro, ferramenta criada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e divulgados pelo Diário na edição do dia 10, não deixam rastro de dúvidas sobre o peso da carga tributária no bolso dos cidadãos. Em 116 cidades da região de Rio Preto, foi arrecadada a fortuna de R$ 2,4 bilhões em impostos no ano passado, mesmo com a pandemia forçando o fechamento de empresas e destruindo postos de trabalho. Só em Rio Preto, o volume chegou a R$ 688,5 milhões. Em 2019, os contribuintes pagaram R$ 554,3 milhões. A contagem do Impostômetro considera os tributos municipais, estaduais e federais, num total de 25, como IPTU, IPVA, IOF, ICMS, uma verdadeira sopa de letras que engasga e sufoca o contribuinte, o pagador compulsório. Na região, os R$ 2,4 bilhões pagos representam um aumento de 60% em relação ao ano passado, quando o indicador apontou R$ 1,5 bilhão em arrecadação. No País, o cenário foi inverso, com uma redução de 17% na arrecadação anual de impostos.
Economistas consideram haver sentido nesta discrepância entre os valores arrecadados em Rio Preto e região do restante do Brasil. A cidade serve como polo de investimentos, exporta muitos produtos, o setor de serviços é dinâmico, a expansão imobiliária segue a todo vapor e a construção civil é bastante forte pois, mesmo diante da pandemia, não parou completamente. Segundo o Ministério da Economia, Rio Preto exportou 27,2 milhões de dólares em 2020, 14% a mais do que em 2019, para China, Estados Unidos e Hong Kong.
Na análise dos especialistas, entra um fator que faz de Rio Preto uma cidade peculiar no cenário brasileiro: tem um crescimento contínuo, economia pujante, consumo consistente e, por isso, se descola da realidade das demais regiões. É notório que a pandemia também trouxe prejuízos imensos para a economia rio-pretense. Não há ainda uma retomada robusta, consolidada. Isso tem a ver com a vacinação em massa contra a Covid, ainda sem data para acontecer no Brasil.
Os números sobre a arrecadação na região são um exemplo eloquente do volume absurdo de impostos pagos pelos brasileiros. Os tributos pagos aqui equivalem a 40% do PIB, não havendo a contrapartida devida, como podemos ver em áreas como saúde, educação, transporte, segurança, infraestrutura.
Não há no horizonte qualquer ação imediata no sentido de se promover uma profunda e séria reforma tributária que desafogue o cidadão e o setor produtivo. A solução, portanto, é cobrar implacavelmente o poder público para que os serviços prestados à população sejam minimamente condizentes com a montanha de dinheiro que sai da carteira da população em forma de impostos.