O acesso ao jornalismo profissional de qualidade reduz a chance de um leitor acreditar em fake news. Esta conclusão faz parte de um estudo feito por cientistas políticos da Universidade da Carolina do Norte, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Pernambuco, em parceria com o jornal Folha de S. Paulo. Foram testadas diferentes formas de contato das pessoas com veículos de comunicação e a constatação geral foi que leitores com acesso a veículos sérios, independentes e que praticam o jornalismo profissional tendem a acreditar menos em notícias falsas. A pesquisa foi feita com dois grupos de leitores, um com acesso a jornais e o outro sem. Foram divulgadas entre os grupos notícias deliberadamente falsas, inventadas. No grupo que teve acesso a veículos de comunicação, a tendência de acreditar nas fake news foi de apenas 12%, enquanto no outro grupo o resultado foi de cerca de 39%. O estudo já havia sido feito nos Estados Unidos, onde a chance de um participante acreditar em fake news caiu ao patamar de 27%.
O perigo que as notícias falsas representam para a democracia é conhecido. Verdadeira praga disseminada pelas redes sociais, as fake news destroem reputações, encerram carreiras, espalham calúnias, enganam e manipulam. Vários outros trabalhos acadêmicos apontam o risco representado por essas invencionices com cara de "notícia". Um deles mostra que, nas eleições presidenciais brasileiras de 2018, o engajamento dos textos falsos foi até três vezes maior do que as notícias divulgadas pela imprensa profissional. Neste momento de pandemia, verifica-se também facilmente como as notícias inventadas prejudicam diretamente o trabalho de prevenção ao coronavírus. O assunto é tão grave que a Organização Mundial da Saúde usa o termo "infodemia" para se referir à prática de divulgar notícias falsas ou informações incorretas sobre a pandemia.
Pesquisas como essa têm a relevância de mostrar que, quanto maior a noção que as pessoas têm de determinado assunto, com base em informações transmitidas por veículos de imprensa sérios, muito menor será a chance de triunfo das notícias fabricadas. A conscientização é um escudo poderoso contra essas mentiras.
O compromisso da verdadeira imprensa profissional é divulgar informações corretas e, ao mesmo tempo, combater sem trégua a indústria da mentira, inimiga da democracia.