O Boletim de Segurança da Kaspersky identificou cerca de 360 mil ameaças criadas por dia em 2020, um aumento de 5,2% em relação a 2019. Isso significa que, nos últimos 12 meses, foram detectados 18 mil arquivos maliciosos criados a mais por dia do que no ano anterior.
De acordo com a empresa, o crescimento foi motivado, principalmente pelos trojans (uma das ameaças mais comuns e que tem uma série de funções, como roubo de dados e espionagem), com aumento de 40,5%, na comparação com 2019, e backdoors (tipo específico que permite o controle remoto do dispositivo infectado), com aumento de 23%. O boletim ainda aponta que os computadores pessoais foram os mais visados.
O professor associado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Preto, Adriano Cansian, explica que vários estudos, mesmo com números conflitantes, indicam que houve um crescimento importante no número e na complexidade dos ataques cibernéticos. "Nossa experiência prática indica que sim, houve aumento significativo", diz.
O balanço divulgado pela Kaspersky também aponta que 90% dos malwares detectados ocorreram via arquivos Windows PE e, por outro lado, as novas ameaças relacionadas ao sistema operacional Android caíram 14%. Os dados são reflexo da mudança do trabalho presencial para o home office. Devido à pandemia, muitos funcionários começaram o trabalho em casa e a maioria usa os próprios dispositivos. Esse cenário influenciou para que os hackers mudassem o foco para esses dispositivos. Em vez de atacarem os sistemas empresariais, eles aproveitam a vulnerabilidade de alguns dispositivos, como celular e computador pessoal, para instalar programas maliciosos e roubar dados pessoais."Os bandidos vão para onde as transações acontecem, basicamente onde o povo e o dinheiro estão", afirma Cansian.
Segundo o professor, a maioria das ameaças está relacionada a vírus de sequestros de dados, muitas vezes levando à contaminação da rede corporativa em função de um computador doméstico contaminado. "Computadores e outros dispositivos pessoais contaminados se conectam remotamente à rede corporativa, às vezes via VPN e outras vezes diretamente, e acabam contaminando a empresa, numa reação em cadeia. Isso é o que tem sido mais comum este ano. Outra coisa bastante comum tem sido o roubo de dados pessoais e empresariais, visando o cometimento de fraudes financeiras. A tendência é que isso piore", ressalta.
Para manter os dispositivos mais seguros, Cansian afirma que é importante manter o computador e os softwares sempre atualizados, usar senhas fortes e não compartilhar ou repetir senhas. Além dessas dicas, ele também reforça outros cuidados: não usar softwares piratas; não acessar sites de reputação duvidosa; usar um antivírus, mesmo que seja gratuito; usar um gerenciador de senhas para facilitar o uso de senhas seguras; no computador pessoal, ter uma conta para uso profissional, para acessar a rede da empresa, e outra conta pra uso pessoal; não sair clicando em qualquer link que recebe pela internet; não se conectar a redes wi-fi que não conhece; desconfiar de redes wi-fi abertas (sem senha), e evitar usá-las.