O desenvolvimento tecnológico recente permitiu, entre outras coisas, uma ampliação significativa nos canais de comunicação, bem como, aumentou, consideravelmente, a capacidade e a velocidade para a transferência de dados. Em milésimos de segundo, previsões, estimativas, indicadores, boas e más notícias, etc, chegam a qualquer parte do mundo.
A grande questão que se apresenta é: quantos dos indivíduos que têm acesso ao gigantesco pacote diário de dados conseguem transformá-lo em informações que sejam, ao mesmo tempo, úteis e capazes de influenciar, de alguma forma, o pensamento crítico desses indivíduos para que possam discutir e analisar, com propriedade, temas relacionados à política, à sociedade, à cultura e à economia, por exemplo?
Falando em economia, diariamente, assuntos de natureza econômica, portanto, extremamente importante para todos aqueles que vivem em um planeta movido e freado pelo capital, são abordados pelos diversos veículos de comunicação. Normalmente, as reportagens tratam de aspectos que afetam ou afetarão, de alguma forma, o ambiente em que interagem os chamados "atores econômicos".
A Economia, como qualquer outra ciência, é muito abrangente. No entanto, basta destacar a macroeconomia, uma de suas diversas áreas de estudo, para constatar que, infelizmente, muitos dos indivíduos que expressam opiniões preconceituosas sobre países, pouco ou nada sabem, sobre assuntos macroeconômicos. Os estudos desta área visam compreender o comportamento de toda a economia, nacional e internacional. Para que esta compreensão seja possível, a macroeconomia utiliza indicadores econômicos globais, como é o caso do PIB, das políticas monetária e fiscal, da Balança Comercial (exportações x importações), entre outros.
Desde o início da pandemia, opiniões inoportunas e equivocadas sobre a China passaram a alimentar as redes sociais de negacionistas desinformados. A China, gostem eles ou não, é o maior parceiro econômico do Brasil. Só em janeiro deste ano, o País exportou para lá US$ 4,03 bilhões (27% do total das exportações). A título comparativo, para os EUA, as exportações somaram US$ 1,4 bilhões (9% do total das exportações). Para piorar, no mesmo mês, o Brasil importou dos EUA US$ 2,21 bilhões, o que acarretou um déficit comercial de US$ 808 milhões, com os americanos.
Para resumir e oferecer uma visão mais ampla para uma análise sobre a importância da relação comercial entre os países, em 2020, o saldo comercial com os chineses foi de US$ 35,5 bilhões, enquanto o déficit comercial com os EUA foi de US$ 2,6 bilhões. Outro detalhe importante é que, em janeiro, dos dez produtos mais importados da China, oito são do segmento eletroeletrônico e dois são produtos químicos ou compostos utilizados na agricultura. Não aparecem valores expressivos de importação de medicamentos, nem de produtos farmacêuticos. Por outro lado, dos EUA, o Brasil importou, apenas no mês de janeiro, quase US$ 48 milhões de medicamentos e produtos farmacêuticos.
Se a ideia dos desinformados era a de que os chineses "fabricaram" o vírus para vender remédio para os brasileiros, estranhamente, só os americanos estão lucrando com isso.
Ademar Pereira dos Reis Filho, Diretor da Fatec de São José do Rio Preto