A mulher no mercado de trabalho provoca impactos econômicos significativos por meio do crescimento da atuação feminina, consequentemente, influenciando no aumento de consumo através do incremento da renda familiar e às vezes sendo a única fonte de muitas famílias. Além desse benefício, o crescimento dos postos de trabalho feminino contribui ao meio socioeconômico, agregando valores para o sucesso das empresas através de habilidades associadas a características femininas, como atuação de multitarefas, resiliência, flexibilidade e trabalho em equipe.
Mas, os números ainda apresentam um disparate que evidencia a nossa distância do alcance da equidade de gênero no âmbito profissional, principalmente nos cargos de liderança, onde os indicadores apontam para menor remuneração e oportunidade. Segundo o último dado apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, a participação feminina no mercado de trabalho chegou 49,9%, o que, se comparado com os 14% em 1950, é considerado um grande avanço. Porém, infelizmente, a mesma pesquisa demonstra uma outra realidade: a quantidade de mulheres empregadas é menor quando comparada aos homens, sendo que em 1950 a porcentagem chegava a 80% e, em 2010, a realidade mudou, alcançando somente 67,1%.
Quando nos referimos a mulheres negras, a situação é ainda mais grave, pois no Brasil o racismo e o sexismo ainda estruturam os padrões de desigualdade social, tornando a vida profissional de mulheres negras e indígenas ainda mais vulnerável. Dessa forma, acabam se concentrando em empregos com alto déficit de trabalho formal. Já quando se fala em empreender, os números vêm passando por transformações ao longo do tempo, visto que nos últimos anos observa-se o aumento considerável de mulheres envolvidas em negócios em operação.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil pode expandir sua economia em bilhões nos próximos anos, porém, o fator é dependente de um aumento mais expressivo de mulheres no mercado de trabalho. É preciso promover muitos avanços para assegurar o alcance das metas previstas na agenda 2030, preconizado pela ONU (Organização das Nações Unidas), através das ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável). Garantir oportunidades iguais no mercado de trabalho, promover políticas públicas e o engajamento de empresas privadas que permitam que meninas e mulheres desenvolvam suas potencialidades com foco em resultados sociais e econômicos, devem compor o propósito de toda sociedade.
Lena Bernardo, Diretora do Conselho da Mulher Empresária e Empreendedora, da Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto (Acirp)