A nova rede social do momento, ClubHouse, já existia desde 2020 nos Estados Unidos, mas se popularizou depois que Elon Musk usou a plataforma para entrevistar o CEO da Robinhood, Vlad Tenev. Essa rede ganhou destaque em pouco tempo, afinal em maio de 2020 foi avaliada em 100 milhões de dólares, recebeu investimento de 12 milhões de dólares e agora é avaliada em 1 bilhão de dólares, tendo apenas 9 funcionários. Chegou com uma proposta bem diferente de outras redes, sendo uma espécie de podcast ao vivo, com a possibilidade de interação e conversas entre várias pessoas e já foi adotada por diversas celebridades, artistas, influenciadores e grandes referências em assuntos profissionais. Como o app funciona com base nas conversas por voz, não sobrecarrega tanto o recebimento e consumo de dados, o que faz com que não trave tanto e não tenha tanto delay como em conversas por vídeo.
São mais de 2 milhões de usuários ativos por semana, e em janeiro de 2021 chegou à marca de 3 milhões de downloads. A plataforma é disponibilizada apenas para o sistema iOS e só é possível utilizá-la através do recebimento de um convite, enviado por outro usuário. Quando alguém se inscreve no app, recebe dois convites, para que seus contatos façam parte. Existem pessoas até cobrando, de forma ilegal, pelo convite para entrar na rede social que se tornou o aplicativo número 1 na Apple Store.
É muito cedo para falarmos sobre estratégias certeiras e que funcionam bem, pois depende de experimentos e testes a longo prazo, que são baseados e delineados de acordo com o comportamento de consumo dos usuários, e como é uma rede nova, ainda estamos falando de previsão de tendências para um futuro próximo. A seguir, algumas observações importantes:
As pessoas estão passando muito tempo na rede (de 11 a 22 horas semanais). É claro que pelo fato de ser uma novidade, é compreensível, mas o que reforça isso é o senso de exclusividade, já que só é possível utilizar com o recebimento de um convite, e caso seu celular seja um iPhone. Esse apelo de exclusividade potencializa o fato de as pessoas terem medo de ficar de fora do que é atual. Outro fato que reforça o medo de perder, comportamento cognitivo do ser humano, é que o conteúdo não fica registrado na rede social, ou seja, se quiser saber do que está acontecendo, precisa acompanhar em tempo real, precisa estar lá, porque depois vai perder a oportunidade.
Dois termos definem bem o ClubHouse neste momento: conteúdo colaborativo e a conexão. A rede é formada por pessoas, dentre elas grandes profissionais e celebridades. As salas têm moderadores que podem interagir o tempo todo, mas os ouvintes também podem pedir a palavra e falar com os demais participantes. Uma excelente oportunidade de fortalecer a rede de contatos. O networking é fortalecido quando se mostra o seu valor, e a rede proporciona muito isso.
Enquanto para os usuários é uma excelente fonte de contatos relevantes, para as empresas é um grande desafio gerar conteúdo e se posicionar por lá. É preciso ter uma gestão muito bem feita para conseguir equilibrar a produção de conteúdo em áudio por colaboradores, já que a rede é feita por usuários e a humanização é extrema.
Somente com o tempo passando, será possível acompanhar o comportamento de consumo de conteúdo dos usuários, para traçar melhores estratégias, mas, por enquanto, o ClubHouse caiu no gosto dos internautas.
Maria Carolina Avis, Professora do curso de Marketing Digital do Centro Universitário Internacional Uninter