As experiências vivenciadas no contexto da pandemia impuseram à sociedade novas rotinas, suscitando ajustamentos e mutações em curtos espaços de tempo. Com isso, o enfrentamento dos novos desafios, daí decorrentes, já tão difíceis para todos, tornaram-se ainda maiores para as pessoas com necessidades especiais.
Sabe-se que a vida em sociedade proporciona aos indivíduos diferentes formas de pensar, a partir das influências do meio, em seu ato de descobrir, criar e refletir, fazendo com que as certezas se transformem em questionamentos, especialmente diante da constatação de um problema mundial de tão grandes proporções, como uma pandemia.
Sendo assim, entende-se que, no contexto educacional, o acolhimento dos alunos necessite ser pensado todos os dias, especialmente no que concerne aos estudantes com deficiência, o que tem sido feito pela equipe de professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) da rede municipal de ensino de são José do Rio Preto. Nesse sentido, a atenção, a escuta das crianças e das famílias é redobrada, a fim de que as especificidades de cada aluno não deixem de ser consideradas.
Compete notar que o cenário da pandemia trouxe a versão híbrida de ensino, combinação entre a aprendizagem presencial e remota, e, nessa perspectiva, as dificuldades de aprender entre os que precisam de maior atenção em razão da deficiência se acentuam. Logo, os professores das salas regulares, bem como os do AEE, precisaram se reinventar e trabalhar arduamente, para que as adaptações dos materiais e recursos tecnológicos se tornassem adequadas a essa nova metodologia.
Diante disso, os desafios têm sido compartilhados todos os dias, e o papel de todos os professores é o de pensar novas atividades e estratégias, para repor o que não foi alcançado pelo aluno, nessa nova ordem educacional, consequente desse momento pandêmico.
Nessa lógica, o Instituto Rodrigo Mendes fez uma pesquisa sobre protocolos para Educação Inclusiva no período de pandemia, que acabou por mostrar que "a deficiência em si não deve ser o fator determinante que impeça o estudante de frequentar as aulas na fase de reabertura das escolas". Ou seja, segundo o autor, o impedimento para a participação dos alunos com deficiência nas aulas deve se relacionar antes aos fatores como as comorbidades e a ausência de autonomia, que podem pôr em risco a saúde do estudante, em caso de contaminação por Covid-19, do que propriamente a sua deficiência.
Com esse pressuposto, o contexto pandêmico possibilitou que as leis voltadas ao respeito do direito das pessoas com deficiência inaugurassem movimentos de maior ampliação das discussões relacionadas à inclusão.
Nesse sentido, a busca pelo reconhecimento das diferenças foi somada às lutas de outras minorias, como mulheres e negros, legitimando a reivindicação de que a deficiência deveria ser pauta de ações políticas afirmativas e de intervenção - a inclusão de todos na escola e na sociedade é um direito antes, durante e depois da pandemia.
Erika Volpe, Assistente técnico na Gerência de Educação Especial na Secretaria Municipal de Educação de Rio Preto. Mestre em Ensino e Processos Formativos, Linha, Tecnologias, Diversidades e Culturas pela Unesp de Rio Preto