O início do ano, em geral, é marcado pela renovação de inquilinos em imóveis voltados ao público estudantil. Rio Preto, por suas inúmeras instituições educacionais, possui um mercado muito ativo nesta época do ano por conta dos preparativos para o começo do ano letivo. Com a pandemia, contudo, vislumbramos uma nova perspectiva para esse segmento na cidade. O interesse dos alunos permanece igual, é claro - tanto que as prospecções continuam ocorrendo -, mas as famílias ainda dependem de uma série de definições governamentais para efetivamente fechar os contratos.
A tendência que se via nesta época - grande parte da locação ocorrendo para estudantes de 18 a 30 anos -, hoje segue revertida para um público na faixa de 25 a 40 anos com outros tipos de objetivos, como busca por melhor qualidade de vida, redução de custos, moradia próxima à natureza ou aos pais etc.
Dentro dessa nova realidade, não podemos esquecer outro impacto importante e que afeta diretamente o ramo locatício: o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), medido pela Fundação Getúlio Vargas, e que poderá incidir em 23,14% nos contratos de aluguel com aniversário em janeiro. A renegociação de valores entre proprietários e inquilinos, que se tornou tão presente no início do distanciamento social, volta a fazer parte do dia a dia das imobiliárias com esse aumento recente. O bom diálogo entre as partes sempre é o melhor caminho para se chegar a um consenso.
Temos visto a demanda aumentar, com todos estes fatores relacionados e, em muitos casos, nem sempre é fácil encontrar o tipo de locação desejada, já que o estoque de determinados produtos está sendo consumido numa velocidade maior. O aumento do trabalho remoto é um dos grandes motivos para essa situação. Muitos estão vindo das grandes cidades para ficar mais próximos da família, ou simplesmente porque desejam morar em uma região mais calma, com boa infraestrutura, e o empregador permite essa migração. Por falar nisso, Rio Preto é um município muito atrativo para os moradores de grandes centros devido à sua estrutura de ensino, saúde, comércio e serviços altamente desenvolvidos, sem deixar de lado a qualidade de vida do interior.
As locações comerciais também devem dar um salto neste ano na cidade. Com a difusão da vacina contra a Covid-19 e o retorno da atividade econômica com força total, o número de contratos deve aumentar substancialmente neste semestre. Muitas empresas desejam mudar de endereço devido aos novos formatos de escritórios e estabelecimentos comerciais - em que pesam as restrições de distanciamento social e a possibilidade do trabalho remoto para ao menos parte da equipe de trabalho - e que devem trazer uma dinâmica bem movimentada para o ramo locatício.
Também não podemos esquecer dos inúmeros projetos de empreendedores, que despontaram de pequenos espaços dentro de casa, numa velocidade extraordinária, e que agora precisam migrar para um espaço comercial, assim como os demais profissionais que deixaram seus postos de trabalho e resolveram tirar da "gaveta" suas ideias e buscar um novo espaço para atuar. Tudo isso mexe com o dinamismo da cidade e traz novas perspectivas para o mercado.
Thiago Ribeiro, Diretor regional do Secovi em São José do Rio Preto