Por várias vezes ouvi a frase "O ser humano mudou com a pandemia, os valores foram alterados".
Como identificar essa mudança? Guimarães Rosa um dia disse: "Não convém fazer escândalo de começo, só aos poucos é que o escuro é claro".
E seguindo nesse momento o pensamento do mesmo, digo que, em determinados momentos, a vida nos cansa, nos enfastia e por vezes muito nos perturba.
Isso faz jus a um paciente de Freud que disse ou mesmo solicitou ao mesmo: "Sabe o que é, doutor? Eu não quero fugir da vida, eu só quero que ela me deixe em paz um pouquinho".
A injustiça, o poder pobre de querer do insaciável pelo "mais", a inquietude, antes inerente e sadia do ser humano, parece ter tomado uma direção de insatisfação e o que penso ser pior, de ingratidão irrestrita!!!!
Chego a compreender o Cortella quando diz que : "Nenhum ou nenhuma de nós é feliz o tempo todo. Aliás, uma pessoa que é feliz o tempo todo não é feliz, é tonta".
Porém, hoje, permito-me a fazer comentários sobre essa frase, e até concordando com a mesma.....! Mas podemos decidir aceitar "o ser" e o ser "meio" feliz no meio ou Universo que habitamos. Para que isso aconteça, e sempre parece que nos falta, existe a coragem! De não aceitação, de se dar o direito de acatar os seus próprios pensamentos e ter assim as suas atitudes,....e sem ressalvas!E concordo plenamente com a escrita de Mario Cortella, na frase: "...felicidade é um desejo permanente, mas uma ocorrência eventual".
Caso eu fosse tão pessimista, mas não me julgo assim, trocaria o "eventual" por "virtual". (Desculpe escritor Cortella pela brincadeira).
E não nos esqueçamos do perdão. E o filósofo brasileiro Pondé que, de modo certeiro, assim como tentamos ser felizes ou bem-sucedidos, explana: "é impossível ser feliz se você não experimentar a misericórdia, se você não experimentar a possibilidade de ser perdoado por pessoas. Porém e assim, dizia Anna Karenina: "Pessoas perfeitas devem ser profundamente infelizes".
Pois bem, não tenciono com essas palavras abraçar o erro, e sim distingui-los. Existem os erros que quando você os comete, te faz amadurecer, repensar, agir. Existem os erros que não são erros, dependem apenas de uma interpretação por pessoas melhor escolhidas ou mais vividas. Mas existem, para mim (digo, porque o caráter, a personalidade e aceitação de nós mesmos ou do outro, depende exclusivamente do nosso ser), erros imperdoáveis. Mas, no início do texto e como abertura do mesmo, escrevi: "Para onde eu vou.?"
Creio sermos mais ou menos felizes e mais ou menos normais, e em diálogos de Tolstói de Freud e nunca concordando entre si, Pondé escreve: "O que faz você sempre ter um certo mal-estar é o fato de que, para conseguir conviver em sociedade, você tem que reprimir certos desejos que nascem e brotam em você, porque você é um ser desejante".
Vamos desejar a mudança? Talvez de nós mesmos. Essa talvez consigamos, em parte, algum êxito porque, como diz Karnal: "Lentamente também fui percebendo que nem tudo que eu conquistava, nem tudo que eu atingia, era suficiente para me deixar plenamente feliz".
Entre os pensamentos do Estoicinismo ou Escola Estóica ( doutrina filosófica surgida na Grecia no século IV a.C), existe essa maravilhosa e pertinente parte de uma frase: "...a tranquilidade de não deixar que a minha felicidade dependa da opinião alheia, e sim apenas do meu exame diário de consciência".
Assim, queridos leitores, deixo minha mensagem pessoal a todos: Vamos descobrir 2021 ou vamos deixar que ele nos "encubra"???
Paz e Saúde (Feliz 2021)
Paulo Togni, Médico