A última vez em que estive no plenário da Câmara Municipal como vereador foi em dezembro de 2008, ano em que vivi a experiência política mais intensa da minha vida: disputar a prefeitura da cidade em que nasci. Ao lado do ex-prefeito Manoel Antunes, um dos políticos mais populares que conheci, percorri os quatro cantos da cidade conversando com as pessoas e pedindo o voto de confiança. Também disputei a prefeitura em 2012 e em 2016. Mas a eleição em que eu estava mais próximo do sentimento da cidade e das pessoas foi a de 2008. Atribuo essa sintonia fina com a cidade ao mandato vibrante de vereador que exerci de 2005 a 2008. Com 31 anos, sabia que minha a única chance de ser eleito prefeito era virar um ninja na campanha, jamais perder o controle, estar preparado para debater os grandes temas da cidade, não cair em provocações, vencer todos os debates, manter esperançoso nosso pequeno exército e mergulhar no mais profundo da alma do povo e da cidade.
Vencemos a primeira etapa e, com 30% dos votos, fomos para o segundo turno contra Valdomiro Lopes, que obteve 42% no primeiro turno. Logo na primeira pesquisa publicada pelo Diário da Região, saímos com 5% pontos na frente. E essa vantagem só aumentou, chegando a 13%. Valdomiro já tinha jogado a toalha. Até que uma operação "política" articulada pelo PSDB/DEM/Edinho Araújo entrou em ação. Nos últimos dias, todos os caciques da direita tradicional paulista aterrizaram em Rio Preto com suas caixas de ferramentas. Edinho alterou um feriado para estimular a abstenção entre servidores públicos, a compra de votos era descarada e ocorria em forma de pesquisas qualitativas em hotéis da cidade e pelas famosas pirâmides. Além da cooptação de alguns pastores, que bradavam em cultos que eu perseguiria os evangélicos e fecharia igrejas se fosse eleito. Faltou experiência para enfrentar uma máquina de dinheiro e de mentiras.
Eles ganharam a eleição por uma diferença de apenas 2% dos votos. Nunca tive mágoa ou ressentimentos por ter pedido uma eleição fraudada, mas ficou uma lição: o grande capital sempre vai se unir para impedir a realização de um governo popular, participativo e socialmente justo. Ou o campo progressista e democrático constrói uma agenda mínima de unidade, ou passaremos décadas assistindo ao desmonte de nossa cidade. É na Câmara Municipal que o governo legitima suas ações nefastas, como as desenfreadas inclusões de área que geram segregação social, desconfiguração do espaço urbano e o não acesso ao espaço público por boa parte da população. Isso tudo é feito em nome de um progresso cínico, com um sorriso perverso de quem finge gostar das pessoas e da cidade.
Embora a base partidária eleitoral do atual governo tenha eleito 14 dos 17 vereadores, não existe alinhamento automático e as pessoas não são iguais. Tenho fé que o caminho do diálogo permanente com a cidade e a participação popular podem garantir um legislativo mais independente e comprometido com o futuro da cidade.
O mandato que iniciarei no próximo dia 1º, conquistado pelo PSOL, pertence a todos aqueles que querem construir uma cidade socialmente justa e culturalmente includente.
Nossos sonhos não têm limites!
João Paulo Rillo - Vereador (PSOL)