O vice-presidente Mike Pence foi retirado do Congresso dos Estados Unidos enquanto legisladores tiveram de se proteger no local depois que apoiadores de Donald Trump enfrentaram a polícia e invadiram o prédio nesta quarta-feira, 6, em Washington. Pence estava presidindo a sessão conjunta do Congresso que deveria certificar formalmente a eleição de 2020 para o democrata Joe Biden. A invasão ao Capitólio terminou com uma morte: uma mulher baleada durante o tumulto por um policial, que chegou a ser hospitalizada e não resistiu.
A Câmara e o Senado tiveram sessões separadas para discutir as objeções de alguns legisladores republicanos à validade dos resultados do Arizona, quando os manifestantes se reuniram do lado de fora da barreira do perímetro externo. Depois, eles romperam as barreiras de segurança no entorno do Capitólio e invadiram alguns edifícios do complexo. Alguns deles estavam armados. Nesse instante, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, pediu à Guarda Nacional para retirar os manifestantes e proteger o Capitólio.
Milhares de partidários do presidente já estavam reunidos em Washington para protestar contra a derrota nas eleições de novembro. Procedentes de todos os cantos do país, eles responderam ao chamado de Trump para se manifestarem na capital no dia que o Congresso deveria certificar a vitória eleitoral do democrata - a cerimônia começou 13h (15h de Brasília), mas foi interrompida por duas horas após objeções de parlamentares, até finalmente ser encerrada pelos invasores.
A tensão durante a sessão foi ficando evidente à medida que o presidente e aliados postavam acusações infundadas nas redes sociais, numa última investida para tentar impugnar o resultado da eleição. Deputados e senadores estavam preparados para se reunir até tarde da noite para vencer os desafios e confirmar o resultado do colégio eleitoral, mas Washington entrou em toque de recolher, tornando a retomada da sessão indefinida.
O vice-presidente Mike Pence presidia a sessão e afirmou que não iria travar o reconhecimento da vitória de Joe Biden.
Pelo Twitter, Trump aumentou ainda mais a tensão ao afirmar que seu vice falhou. "Mike pence não teve a coragem de fazer o que deveria ter feito pra proteger nosso país e Constituição".
No mês passado, o presidente tuitou que seus seguidores deveriam se reunir em Washington para um dia de protestos "selvagens". Grande parte do centro da capital foi murado, com estabelecimentos comerciais fechados pela pandemia e pelos temores de que se repita a violência que abalou a cidade durante as marchas por justiça racial no ano passado.
'Sem precedentes'
O presidente eleito Joe Biden condenou os ataques e pressionou Trump que pedisse para que seus seguidores cessassem os atos de violência "sem precedentes". "Um ataque a um dos empreendimentos americanos mais sagrados", disse Biden. "As palavras de um presidente são importantes, não importa o quão bom ou ruim ele seja. Na melhor das hipóteses, as palavras de um presidente podem inspirar. Na pior das hipóteses, podem incitar", disse Biden de sua sede de transição em Wilmington, Delaware. "Solicito ao presidente Trump que cumpra com seu juramento, defenda a Constituição", acrescentou.