As palavras jamais serão suficientes para expressar o desalento dos proprietários das 167 lojas do Shopping Azul, totalmente destruído por um incêndio, cujas espessas cortinas de fumaça tingiram o céu na madrugada de sábado. O fogo em sua fúria não deixou nada aproveitável, um carretel de linha sequer e abalou as estruturas da Estação Rodoviária,prédio histórico em cujo andar superior se instalava o comércio. Enquanto se contabiliza perdas milionárias, a população e as autoridades, piedosamente, arregalam os olhos para a tragédia. Buscam uma consciência madura e corajosa para poder ajudar essas 300 famílias atingidas que não sabem agora, o que fazer da vida,cumprindo o ritual triste de velar seu negócio e almejar uma ação fertilizadora do Poder Público para reconstruir suas vidas.
Já não chega o lockdown que desinstala todos da certeza de um amanhã e essa tragédia chega como se um deus irado descesse a borduna sobre nossos irmãos. Para não perder a paciência com a inclemência da vida, é preciso estatura heroica. E é isso que se espera que os comerciantes afetados com esse flagelo, tenham. Não adianta dedicar a esse infortúnio, um olhar de salmão defumado, como se não fosse de nossa competência. Precisamos todos nos unir e cada um oferecer o que pode para minimizar a dor dos afetados, ajudando-os a subir o primeiro degrau de uma nova vida. O avesso do espelho nos mostra a imagem que não queremos ver.
Waldner Lui, Rio Preto
Enem
Não creio que exista nesse País um educador que não tenha acompanhado os acontecimentos ocorridos no exame do Enem deste ano. Creio que a nenhum de nós tamanha desdenha passaria despercebida antes mesmo de sua ocorrência. Coisas absurdas aconteceram, e nós assistimos atônitos os depoimentos dos candidatos que tiveram a decepção de serem barrados na primeira prova. Para que todos entendam do que eu realmente falo, vou elucidar o significado da sigla Inep e qual a sua real função e ligação com o MEC.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), responsável pelas avaliações e exames, pelas estatísticas e indicadores, e pela gestão do conhecimento e estudos educacionais. Pois bem, entendemos que o Inep e o MEC são Autarquias do Governo Federal, gestores do conhecimento e estudos educacionais. Perguntamos então, que conhecimentos educacionais se revelam quando ambos cometem uma sequência de falhas descabidas, principalmente levando-se em consideração a circunstância que as falhas aconteceram. Os jovens estudantes encontravam- se preparando para os exames que aconteceriam somente no segundo semestre e não agora. Não precisa ser perito em educação para entender que isso não daria certo no momento em que estamos no auge do segundo ataque do Covid, deveria estar previsto que o Enem nesse momento de Pandemia, estaria na contra mão do protocolo da Covid, inclusive porque quando se fala no Enem, pensa-se em aglomeração.
Assim, essa mudança de data foi, no mínimo, inapropriada e por si só desencadeou uma sequência de fatos que fizeram das provas uma vergonha nacional. Atente-se que os problemas se avolumaram para os alunos. Pergunto se não houve dentro do grupo técnico do Inep ao menos um educador que previsse que essa mudança brusca no mês e dia do exame do Enem seria um desastre? Nesse momento observamos como um órgão educacional pode produzir prejuízos na vida de milhares de estudantes.
É nesses desajustes que aparece agora o maior dos obstáculos para esses candidatos em virtude de o Inep nem mesmo abrir um canal facilitador e esclarecedor de como ficam os barrados no exame e outros tantos candidatos excluídos da primeira ou da segunda prova? Sucede que um significativo número de jovens inscritos compareceram no exame, mas não puderam realizar o mesmo, porque as salas, em alguns estados, estavam lotadas e eles foram "proibidos" de fazer a prova.
Também um significativo número de alunos não foram fazer o exame porque foram instruídos a ficarem em casa se apresentassem algum dos sintomas da Covid, outro não menos significativo número de candidatos, não compareceram porque ficaram temerosos de trazerem da aglomeração que o Enem sempre causou, o vírus para suas casas, onde residem avós e pais com alguma comorbidade. Faltou preocupação , faltou foco, cuidado, estudos e principalmente planejamento por parte do Inep/MEC.
Diante disso, ficamos pensando que esses jovens foram vítima de erros desastrosos para a formação de adultos decididos, fortes e confiantes na Educação que eles lutaram para conseguir através de seus dias seguidos de preparação e dedicação aos estudos. Essa história desses candidatos não conseguirem saber como agir diante das falhas inaceitáveis cometidas é mais um dos desajustes da Educação no Brasil e, mais ainda, nós educadores de sala de aula, que estamos assistindo a tudo isso, devemos deixar o seguinte recado aos jovens reféns desse descaso. Podem lhes tirar tempo, podem lhes privar da informação, podem menosprezar os recentes acontecimentos, mas ninguém tira-lhes o que pensam.
Angela Perozin, Rio Preto
Fura-fila da vacina
A Associação Médica Brasileira (AMB) vem a público se posicionar oficialmente sobre recentes notícias veiculadas pela imprensa acerca da obediência à estratificação pré-estabelecida para a vacinação de grupos prioritários contra a Covid-19. Conforme estas reportagens, entre os transgressores estariam pessoas fora da área de saúde e também profissionais de saúde, incluindo médicos, que não atuam diretamente na linha de frente do atendimento de pacientes suspeitos ou com Covid-19. A situação é constrangedora e reprovável sob todos os aspectos.
Vacinar é um ato de cidadania. Interesses individuais e a busca por vantagens indevidas não podem se sobrepor, em instante algum, ao bem comum. A AMB expressa a convicção de que os médicos do Brasil cultivam sólidos princípios éticos e compromisso com a saúde da população. Não podemos permitir que exceções empanem o nobre, exaustivo e incansável trabalho até agora realizado pela classe de profissionais de saúde.
Associação Médica Brasileira