Integrantes da Associação dos Lojistas de Veículos Automotores do Noroeste Paulista (Alva) e empresários do agronegócio de Rio Preto saíram em carreata, nesta terça-feira, 23, em ato de protesto contra o governador João Doria (PSDB). Os manifestantes são contra o aumento de 207% da alíquota do ICMS.
Écio Costa, presidente da Alva, explica o objetivo da carreata. “O objetivo da carreata de hoje, como as anteriores, é sensibilizar as autoridades do Estado de São Paulo, principalmente os deputados estaduais, que deram um “cheque em branco” para o governador do Estado fazer esse aumento absurdo, não só no ramo dos automóveis, mas em vários setores, como na agricultura, insumos agrícolas e autopeças. Nós queremos voltar ao preço anterior, porque, infelizmente, esse valor nós não conseguimos pagar. Se acontecer do governador não abaixar o preço, muitas lojas vão fechar, trabalhar na informalidade e não vai se pagar imposto nenhum” diz.
O aumento da alíquota do ICMS já impactou o setor automobilístico na cidade de Rio Preto. Segundo Écio, duas lojas já encerraram suas atividades na cidade e as que continuam em atividade precisaram adotar algumas medidas para se manterem atuantes. "As lojas não estão comprando mais de concessionárias, não estão conseguindo comprar por causa da nota fiscal. Então, a lojas estão indo atrás de compras particulares, de quem está vendendo carro usado, e tentando vender sem fazer emissão de nota fiscal. O governo verá os impactos do aumento nestes mês de fevereiro, aonde quase não haverá registro de emissão de nota fiscal", diz Écio.
Luiz Carlos Bianchini, Diretor Comercial na Lumière Veículos em Rio Preto, comenta sobre a sucessão de aumentos da alíquota do ICMS "Nós tínhamos uma carga de 0.9% no governo Alckmin. Quando o Dória assumiu, aumentou para 1.8%. Agora ele passou de de 1.8% para 5.53%, com 207% de aumento? O que ele está fazendo com esse dinheiro? Onde ele acha que existe justificativa para esse aumento? Muita gente será prejudicada".
Bianchini relata ainda que os impactos não serão apenas no setor automobilístico “O aumento impacta todo o setor automobilístico, mas não só ele. Nós seremos impactados diretamente, porque é uma carga tributária alta, mas existe uma cadeia em torno disso, entre despachantes, lava-jatos e martelinhos de ouro. A nossa classe emprega hoje, diretamente 350 mil funcionários, indiretamente é o dobro".
A concentração dos manifestantes ocorreu no estacionamento próximo ao aeroporto de Rio Preto. A manifestação tem apoio, inclusive, de deputados federais da região, como Fausto Pinato (PP) e Luiz Carlos
Motta (PL).
Motta é presidente da Federação do Trabalhadores no Comércio do Estado de São Paulo (Fecomerciários), a qual chegou a emitir nota de repúdio ao aumento do ICMS no Estado. Já o líder de Doria na Assembleia, Carlão Pignatari (PSDB), defende que o governo atendeu as reivindicações do agro e renovou benefícios fiscais para hortifrútis, insumos agropecuários e da energia elétrica.
Sobre o setor automobilístico, Pignatari afirma que é um setor que foi beneficiado por quase 30 anos, "com renúncias fiscais de até 98% em relação à alíquota de 18% do ICMS, praticada no Estado. Com o ajuste fiscal, o setor manterá alíquota menor que a padrão", sustenta.
E conclui. "Os veículos novos, que pagavam 12%, passarão a pagar 13,3%, mantendo um desconto de 26%.
Os veículos usados, que pagavam 1,8%, passam a pagar 3,9%, mantendo um desconto final sobre a
alíquota padrão de mais de 78%.”
(Colaborou Júlia de Britto)