O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), avaliou os 15 dias do lockdown como um sucesso no combate ao avanço da Covid-19 no município. Em entrevista ao Diário nesta quarta-feira, 31, Edinho disse que não se arrepende do fechamento geral de atividades e serviços essenciais e afirmou que fará outro lockdown, caso haja necessidade. O prefeito informou que a partir deste dia 1º passará a seguir as regras do Plano São Paulo, que está na fase emergencial, e também voltou a criticar a coordenação federal da pandemia. Veja principais trechos.
Diário da Região - Qual balanço o senhor faz do lockdown. A medida alcançou o resultado esperado?
Edinho Araújo - A avaliação de um lockdown se percebe a médio e longo prazos. Eu diria de 15 a 30 dias. Agora, a tendência de casos (Covid) confirmados, nós temos uma queda de 23%, não é a média, é a do boletim diário. Há também uma queda já na transmissão do vírus. Esses dois dados e o sucesso que foi o lockdown, eu avalio no sentido de participação da sociedade, tivemos aí 49% de isolamento. Claro que se tivesse a região toda unida nesse propósito, no mesmo momento teria sido melhor a adesão.
Diário - O senhor acha que a flexibilização, com relação aos supermercados, com a 3ª fase, vai afetar o resultado?
Edinho - Eu considero que as três fases foram oportunas porque o acompanhamento era diário, avaliações constantes e, portanto, considero que foram muito adequadas tendo em vista a situação que o lockdown provoca em todos os setores. Não há quem não tenha sido afetado na pandemia, seja no aspecto da saúde, no emocional, financeiro, social, de toda ordem há uma pressão sobre as pessoas.
Diário - O senhor se arrepende de ter fechado supermercados?
Edinho - Não, segui a orientação de um comitê. Nenhuma decisão partiu da minha cabeça.
Diário - O senhor faria o lockdown novamente?
Edinho - Sem dúvida. Sem dúvida porque o momento em que vivíamos no dia 16 era de limite das nossas possibilidades e capacidades do sistema público, que é um dos melhores do País.
Diário - Por quais razões o senhor entendeu que no dia 31 era o momento de não estender o lockdown?
Edinho - Entendemos que esse seria o tamanho do suportável pela população.
Diário - Existe muita cobrança para ajuda, por isenção de impostos, de taxas, até mesmo suspensões por um tempo. Quais ações a Prefeitura prevê para esses empreendedores e por que não há possibilidade de interromper essas cobranças para dar um fôlego a esses setores em crise?
Edinho - Nós vamos analisar todas as reivindicações. Temos orçamento e legislação muito rigorosa. A margem de que não vai aumentar imposto é muito pequena porque temos nossos compromissos e não temos a quem socorrer de forma imediata. Estamos com o Banco do Povo em termos de financiamentos para pequenas e médias empresas. Estamos analisando sempre com muita cautela, temos um orçamento, uma legislação rigorosa na questão fiscal. Enquanto não tiver vacina para todos, temos que fazer o isolamento e uso das máscaras, está provado, isso inibe a circulação do vírus.
Diário - O senhor vai comprar vacina?
Edinho - Enquanto município já integramos o consórcio da frente nacional de prefeitos. Agora estamos em contato para ver a possibilidade de adquirirmos vacinas. O que está acontecendo é que quem tem uma produção maior primeiro está vacinando sua população. A hora que tiver vacina à disposição, nós estamos preparados para adquirir.
Diário - Em relação à possibilidade de auxílio emergencial municipal. Temos um projeto para um programa de renda básica para esse período, já tivemos outros, há possibilidade do município criar um programa para atender pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza neste momento?
Edinho - Nós estamos cuidando primeiramente dos alunos. Ao cuidar dos alunos estamos cuidando das famílias. Temos um amplo de conhecimento das famílias necessitadas. Mais de 150 mil kits escolares foram distribuídos. Um trabalho muito integrado, coordenado, institucionalizado, com participação de instituições e associações para que ninguém passe fome. No tocante ao auxílio, o governo federal e o estadual têm muito mais condição. A Prefeitura não tem essa realidade como tem o governo federal, mas também com consequências. Alguém vai pagar essa conta com juros e inflação, mas nesse momento é prioridade.
Diário - Vimos protestos e queixas todos os dias em tons alterados, inclusive teve um grupo que foi ao prédio do senhor fazer manifestação. Como o senhor lida com esse desgaste político?
Edinho - Sou totalmente favorável à liberdade de expressão. Agora, tem limite. O que passa desse direito é excesso. Eu respeito e compreendo que todos estão sendo atingidos pela pandemia. Agora, eu sou um homem do diálogo, jamais recusei quem fosse falar comigo, principalmente as instituições, as representações, os seguimentos.
Diário - O senhor vai acionar a Justiça em relação às ofensas e xingamentos nas redes sociais ou fora da rede?
Edinho - A Polícia Militar e a GCM (Guarda Civil Municipal) têm feito boletins de alguns fatos. Eu não farei nada no sentido de pressionar. Quem exorbita dos seus direitos sabe que existe lei.
Diário - O senhor acha que os governos federal e estadual têm ajudado o suficiente? O município precisa de mais verbas?
Edinho - Da Saúde, os recursos têm sido bem administrados. Ocorre que estamos num tal ponto de gravidade que só recursos não bastam, precisamos muitas vezes de matéria prima e, principalmente de recursos humanos, médicos, médicas, enfermeiras, então é complexo. Uma UTI, uma enfermaria, tudo tem um custo elevadíssimo e cada vez o setor de RH (recursos humanos) está mais escasso. Eu diria que falta coordenação nacional e que todos tivessem um inimigo só, que é a Covid-19, que é a pandemia. Essa coordenação simplificaria e daria um resultado mais eficiente. Que tivesse só uma linha de comportamento, a partir da Ciência.
Diário - Nesse momento, há previsão de abertura de mais leitos?
Nesse momento a expectativa é de que haja uma compressão (redução de casos de Covid) com os resultados que advirão desse lockdown.
Baixe e veja o decreto e os anexos
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