O governo federal anunciou, no início da noite desta sexta-feira, 19, que vai trocar o presidente da Petrobrás. Em nota, o Ministério de Minas e Energia anunciou que "decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para uma nova missão, como conselheiro de administração e presidente da Petrobrás, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco". Silva e Luna é general e atualmente é presidente de Itaipu.
O conselho de administração da Petrobrás ainda precisa aprovar o nome indicado, podendo barrar essa indicação. O governo, porém, tem maioria no colegiado de 11 membros.
O MME também anunciou, paralelamente, o nome de João Francisco Ferreira para o cargo de diretor-geral de Itaipu. Ferreira também é general da reserva do Exército.
O presidente da Petrobrás tem um mandato de dois anos, podendo ser reconduzido três vezes. No caso de Roberto Castello Branco, o atual mandato termina no dia 20 de março. Nesta terça e quarta-feira o conselho se reúne para avaliar o balanço da companhia, e também iria votar a recondução do atual presidente para um novo mandato de dois anos. O anúncio do governo muda essa discussão.
O temor de interferência política na Petrobrás, com ameaça reiterada do presidente Jair Bolsonaro ao presidente da estatal, fez as ações da petroleira caírem 7,92% a ON e 6,63% a PN, as maiores quedas do Ibovespa. No total, a empresa perdeu quase R$ 30 bilhões em valor de mercado.
"Anuncio que teremos mudança, sim, na Petrobrás", disse Bolsonaro no começo da tarde. O presidente, no entanto, acrescentou que jamais iria "interferir nessa grande empresa, na sua política de preço". Os comentários foram feitos um dia depois de ele anunciar que iria zerar os tributos federais sobre o diesel, após novo anúncio de reajuste dos combustíveis pela Petrobrás. Bolsonaro considerou o aumento, o quarto do ano, "fora da curva" e "excessivo". Durante sua live semanal no Facebook, na quinta-feira, 18, ele reforçou que não pode interferir na estatal, mas ressaltou que a medida "vai ter consequência".
Em setembro do ano passado, Luna assumiu como diretor-geral de Itaipu, para um mandato de até quatro anos. Na ocasião, ele substituiu o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira, já fora do governo.
Consumada a mudança, abre-se espaço para que o comando da usina possa atender à ala política do Centrão da região Sul do País. Confirmada a nomeação de Luna, o general não será o único militar no comando da Petrobrás.