O sargento aposentado da Polícia Militar Eduardo Francisco de Melo será alvo de investigação sob acusação de ter assassinado a tiro, na manhã desta sexta-feira, 12, o advogado Jonas Pedrassa Alves, 29 anos, filho do ex-prefeito José Lourenço Alves (DEM), de Nipoã. Melo, que é adversário político de Alves, atirou no abdômen do rapaz durante uma briga de trânsito, na vicinal que liga Nipoã a Monte Aprazível. A Polícia Civil vai investigar a motivação do crime.
Melo, que foi candidato a prefeito de Nipoã pelo Partido Social Liberal (PSL) na eleição passada, afirmou aos policiais militares que atenderam a ocorrência que foi agredido fisicamente por Jonas.
O caso foi registrado em boletim de ocorrência na delegacia de Nipoã como homicídio, tendo Melo como investigado. Há também o registro de excludente de ilicitude, porque o policial aposentado alega ter agido em legítima defesa.
Como a família de Jonas contesta essa versão, o delegado de polícia de Nipoã, João Spaca de Souza, abriu inquérito policial para esclarecer os fatos.
Melo disse em sua versão que dirigia seu carro por uma estrada vicinal, na saída de Nipoã, em direção a sua empresa em Monte Aprazível.
O sargento aposentado afirmou que, durante o trajeto, seu veículo foi atingido por uma caminhonete Chevrolet Montana, dirigida pelo ex-prefeito José Lourenço, de 58 anos, que estava acompanhado da esposa.
Quando pararam os carros no acostamento, os ocupantes dos dois veículos passaram a discutir. Logo em seguida, chegou Jonas dirigindo uma caminhonete S10, trazendo consigo um sobrinho, estudante de 18 anos.
Durante um novo bate-boca, o sargento aposentado teria entrado em luta corporal com Jonas, o sobrinho e José Lourenço. No meio da briga, Melo teria sacado sua arma — um revólver de calibre 38 — e pedido para todos se afastarem. Jonas teria atacado o policial militar aposentado, que atirou e atingiu o rapaz.
Na versão de José Lourenço, foi Melo quem teria batido a Parati contra a caminhonete e depois atirado em Jonas, que estaria desarmado.
O rapaz foi levado para a Santa Casa de Monte Aprazível, recebeu os primeiros socorros, mas morreu em decorrência do ferimento a bala.
Ainda conforme o boletim de ocorrência, foi o próprio Melo quem comunicou a Polícia Militar sobre o homicídio. Quando a viatura chegou, ele se entregou e cedeu seu revólver para ser apreendido pelos policiais no local da briga. Foi constatado que houve apenas um disparo.
A caminhonete de Jonas foi vistoriada no estacionamento da Santa Casa de Monte Aprazível. Dentro do veículo foi apreendida uma pistola automática calibre 380, registrada em nome de José Lourenço, mas nenhum bala foi deflagrada, além de um facão e um "porrete" de madeira, também apreendidos pela polícia.
Em depoimento na delegacia de Nipoã, Melo afirmou que foi vítima de uma emboscada e atirou para se defender. Ele mostrou uma série de machucados no corpo, que teria sofrido durante a briga com o ex-prefeito, o filho dele e o sobrinho.
Além de apurado em inquérito da Polícia Civil, o caso será acompanhado pela Corregedoria da Polícia Militar, que foi comunicada da ocorrência.
Também prestaram depoimento a mulher e o neto do ex-prefeito (mãe e sobrinho de Jonas). Eles alegaram que a colisão de trânsito teria sido provocada por Melo, que já desceu do veículo com a arma em punho com a intenção de matar José Lourenço.
O delegado João Spaca Souza afirma que não prendeu Melo em flagrante por acreditar que a arma foi usada em legítima defesa, já que estaria sendo agredido.
"Vamos precisar recorrer ao sistema de câmeras de monitoramento das ruas de Nipoã que podem ter registrado o acidente de trânsito e o homicídio. Não descarto a possibilidade de ser necessária a realização de uma reconstituição do crime para saber como de fato ocorreu", diz o delegado.
O corpo de Jonas será sepultado as 7h da manhã deste sábado, 13, no cemitério municipal de Nipoã. Ele era solteiro e não deixa filho.