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RADAR ECONÔMICO

Menos 'bico' e mais ação: nossa experiência com projetos sociais de capacitação

Projetos sociais com foco em capacitação representam um investimento cujo resultado não se limita ao presente

por Ligya Aliberti
Publicado há 8 horasAtualizado há 4 horas
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Era uma vez um setor que sofria com a falta de profissionais qualificados para atuar nas empresas. Um dia, uma associação que o representa resolveu fazer alguma coisa. Essa é a história simplificada da Pasta Social da Apeti (Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação), criada em 2022 para desenvolver projetos de capacitação de jovens no setor de tecnologia. Mais do que isso, representa o tipo de atitude protagonista que desejo que levemos como exemplo para o próximo ano, diante dos diversos desafios estruturais que encontramos nos nossos segmentos de atuação.

Certa vez, assisti a uma palestra na qual o orador, ao abordar os problemas do setor de marketing, exibiu no slide a imagem de um bebê fazendo um enorme bico. Sua fala era clara: só fazer bico não adianta. Nunca mais me esqueci dessa mensagem e a repito para mim mesma toda vez que a vontade de “sentar e reclamar” bate à porta.

Realizar os projetos sociais da Apeti exigiu de nós, empresários voluntários da associação, o desenvolvimento de habilidades que não estavam no nosso repertório. Como gerenciar conflitos entre jovens do ensino médio? Como definir a grade de conteúdos a oferecer? Como envolver as famílias no processo? Na outra ponta, também tivemos de emprestar nosso tempo e energia na formulação de estratégias para captação de recursos, na divulgação dos projetos e no engajamento de todos os envolvidos.

Hoje, logo após as duas últimas formaturas do ano, posso dizer que, além de entregarmos à comunidade dezenas de jovens mais bem preparados, conquistamos uma metodologia sólida para fazer isso acontecer. No Galera Tech, oferecemos a alunos do ensino médio de escolas públicas quatro meses de aulas que unem linguagem de programação a competências comportamentais fundamentais para o mercado de trabalho. Já no Start Tech, disponibilizamos, também ao longo de quatro meses, formação em infraestrutura de tecnologia a jovens reeducandos da Fundação CASA. Assim como no primeiro projeto, conteúdos ligados à comunicação e à inteligência emocional também compõem a grade.

Em todos os casos, contamos com a iniciativa privada como aliada na viabilização financeira e na oferta de vagas de estágio e menor aprendiz, completando o ciclo de desenvolvimento dos jovens — da teoria à prática. Ou seja, projetos sociais com foco em capacitação representam um investimento cujo resultado não se limita ao presente: eles colocam o aluno numa teia virtuosa de relações e conhecimentos que o acompanhará por toda a sua jornada.

Com os olhos no novo ano que se aproxima, o que esses projetos nos lembram é que é preciso caminhar. E, para isso, precisamos dar o primeiro passo. Que a mensagem de “menos bico e mais ação” faça parte das nossas vidas — e dos nossos setores de atuação — em 2026, ressoando lindamente em tudo ao nosso redor!

Ligya Aliberti

Diretora da Multivias Comunicação e da Pasta Social da Apeti - Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação