Menos 'bico' e mais ação: nossa experiência com projetos sociais de capacitação
Projetos sociais com foco em capacitação representam um investimento cujo resultado não se limita ao presente

Era uma vez um setor que sofria com a falta de profissionais qualificados para atuar nas empresas. Um dia, uma associação que o representa resolveu fazer alguma coisa. Essa é a história simplificada da Pasta Social da Apeti (Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação), criada em 2022 para desenvolver projetos de capacitação de jovens no setor de tecnologia. Mais do que isso, representa o tipo de atitude protagonista que desejo que levemos como exemplo para o próximo ano, diante dos diversos desafios estruturais que encontramos nos nossos segmentos de atuação.
Certa vez, assisti a uma palestra na qual o orador, ao abordar os problemas do setor de marketing, exibiu no slide a imagem de um bebê fazendo um enorme bico. Sua fala era clara: só fazer bico não adianta. Nunca mais me esqueci dessa mensagem e a repito para mim mesma toda vez que a vontade de “sentar e reclamar” bate à porta.
Realizar os projetos sociais da Apeti exigiu de nós, empresários voluntários da associação, o desenvolvimento de habilidades que não estavam no nosso repertório. Como gerenciar conflitos entre jovens do ensino médio? Como definir a grade de conteúdos a oferecer? Como envolver as famílias no processo? Na outra ponta, também tivemos de emprestar nosso tempo e energia na formulação de estratégias para captação de recursos, na divulgação dos projetos e no engajamento de todos os envolvidos.
Hoje, logo após as duas últimas formaturas do ano, posso dizer que, além de entregarmos à comunidade dezenas de jovens mais bem preparados, conquistamos uma metodologia sólida para fazer isso acontecer. No Galera Tech, oferecemos a alunos do ensino médio de escolas públicas quatro meses de aulas que unem linguagem de programação a competências comportamentais fundamentais para o mercado de trabalho. Já no Start Tech, disponibilizamos, também ao longo de quatro meses, formação em infraestrutura de tecnologia a jovens reeducandos da Fundação CASA. Assim como no primeiro projeto, conteúdos ligados à comunicação e à inteligência emocional também compõem a grade.
Em todos os casos, contamos com a iniciativa privada como aliada na viabilização financeira e na oferta de vagas de estágio e menor aprendiz, completando o ciclo de desenvolvimento dos jovens — da teoria à prática. Ou seja, projetos sociais com foco em capacitação representam um investimento cujo resultado não se limita ao presente: eles colocam o aluno numa teia virtuosa de relações e conhecimentos que o acompanhará por toda a sua jornada.
Com os olhos no novo ano que se aproxima, o que esses projetos nos lembram é que é preciso caminhar. E, para isso, precisamos dar o primeiro passo. Que a mensagem de “menos bico e mais ação” faça parte das nossas vidas — e dos nossos setores de atuação — em 2026, ressoando lindamente em tudo ao nosso redor!
Ligya Aliberti
Diretora da Multivias Comunicação e da Pasta Social da Apeti - Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação