Atacante de boa presença de área e força física, dono de um potente chute de perna esquerda, Cléber Eduardo Arado construiu uma carreira vitoriosa no futebol profissional a partir do América de Rio Preto. Humilde e fraterno, fez uma legião de amigos. Neste sábado, 2 de janeiro, Cléber morreu vítima de complicações pela Covid-19. Há 34 dias ele estava internado na UTI do Hospital dos Trabalhadores, em Curitiba, e não resistiu. Seu corpo seria liberado para Rio Preto na noite de sábado. O velório, no cemitério Jardim da Paz, onde será sepultado, será das 13 às 17 horas, com restrições de entrada.
Ídolo do Coritiba, onde anotou 48 gols em 90 jogos - entre 1997 e 2000, Cléber foi campeão paranaense de 1999 e artilheiro com 11 gols. Neste sábado, foi homenageado na página oficial do clube. "O Conselho Administrativo do Coritiba, em nome da nação coxa-branca, presta aqui sua homenagem a familiares e amigos, com toda solidariedade. O clube alviverde decreta luto oficial por três dias, com bandeira a meio mastro e fará um minuto de silêncio no jogo do próximo dia 6 de janeiro, contra o Goiás, no Couto Pereira", publicou o clube.
Vários amigos, como o ex-atacante Marcel Ortolan, o goleiro Pitarelli e o jornalista Eduardo Affonso, prestaram homenagens nas redes sociais. A atual esposa de Cléber, Sol Sene, também se manifestou. "Hoje é sem dúvida alguma o dia mais triste e mais dolorido da minha vida. Essa é a notícia que eu, nem nos meus piores pesadelos, imaginei ter que dar um dia. Deus tinha um plano diferente para o meu amado marido. Deus tinha um propósito que foi cumprido hoje, ele quer as pessoas boas todas do lado dele. E hoje ele recolheu o nosso amado Cléber. Meu amor, você só me deu orgulho, você foi um ser humano ímpar e mesmo em seus últimos momentos demonstrou garra, coragem e força", diz trecho da publicação.
Do primeiro casamento, com Malu, Cléber deixou os filhos Eduardo Henrique e Ariane Eduarda. Filho de dona Ivani e Lorival Arado, Cléber nasceu em 11 de outubro de 1972 e tinha Rodrigo como irmão mais novo.
Na carreira ainda foi campeão do Festival Brasileiro de Futebol em 97 pelo Coxa e do Paulista de Aspirantes de 1992 pelo América. Com o Mogi Mirim foi campeão do Paulista da Série A-2 em 1995.
Em 2010, a coluna Flash Bola, assinada pelo jornalista Edwellington Villa, contou a trajetória de Cléber a partir dos gols no 'segundão' do Internacional, time amador do bairro Duas Vendas, passando pelo título do Varzeano de 1989 pela Matinha. "O João de Cayres e o Wanderley Gallo assistiram a decisão (contra o Belorizontino) e me convidaram para treinar no juvenil do América", recordou na época Arado.
Com sua boa participação na campanha da conquista do Paulista de Aspirantes - fez dois gols na vitória de 3 a 2 sobre o Guarani - passou a integrar a equipe profissional e fez sua estreia no empate sem gols com o Rio Preto, em jogo amistoso, no Riopretão. A primeira partida oficial foi no empate de 3 a 3 com a Ponte Preta, no Mário Alves Mendonça, pelo Paulistinha de 1993. Com Cacaio, em 1994, formou ótima dupla de ataque levando o Rubro a ao 5º lugar no Paulistão. Em maio de 1995 foi vendido ao Mogi Mirim. De lá foi emprestado ao Kyoto Purple Sanga, do Japão.
Voltou ao Brasil em novembro de 1997, ficou dois meses emprestado ao Coritiba, marcando 12 gols em 13 partidas. O Coxa queria comprá-lo, mas o Mogi o vendeu ao Mérida, da Espanha, por US$ 2 milhões. O Athletico-PR ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho e conseguiu tirá-lo do Mérida. Fez os exames médicos no Furacão e quando ia assinar contrato o Coritiba depositou os US$ 2,5 milhões exigidos pelos espanhóis, atravessando o negócio. "A torcida atleticana passou a me odiar", contou o ex-jogador na reportagem.
Depois Cléber ainda foi vendido à Portuguesa, emprestado ao Paulista, de Jundiaí, e ao Ceará, onde foi campeão cearense de 2002. Deixou a Lusa na Justiça e ainda defendeu Mogi Mirim, Avaí, voltou ao Ceará e pendurou as chuteiras no Rio Preto em 2006. Com dificuldades de jogar por dores no joelho direito, fez apenas seis jogos no Paulista A-2.