A produtividade das lavouras e das pastagens depende muito dos insumos agrícolas, como dos adubos essenciais para o plantio, e dos defensivos no combate de pragas e doenças. No Brasil, com o aumento das produções de grãos, como soja e milho, e da cana-de-açúcar, além de outras culturas muito cultivadas, a demanda por insumos agrícolas também aumentou. Somados à alta demanda, os insumos agrícolas também tiveram reajustes nos preços, impactados pelo dólar, conforme as revendedoras de produtos agrícolas em Rio Preto.
Os preços pagos em muitas culturas, que são commodities, como soja, milho e na pecuária, com a alta da arroba do boi, atraíram muitos produtores, segundo o gerente da Cooperativa Agropecuária Camda de Rio Preto, Odirley Maioli. "A demanda, nestas culturas, atraiu mais produtores que precisam dos insumos em suas plantações. Com relação aos fertilizantes, a importação de alguns componentes, em dólar, acaba elevando os preços para os produtores", afirma.
A matéria-prima usada em fosfatados (MAP) que formulam o adubo, conforme explicou Maioli, entre outros como o nitrato, é importada. "A questão é que a demanda de plantios, com o uso destes fertilizantes, em países como os Estados Unidos e o Brasil, disparou e há a possibilidade de faltar o produto no mercado brasileiro", disse Maioli.
No final de 2020, outro fator contribuiu para a maior comercialização de insumos agrícolas, quando os produtores rurais, principalmente os que cultivam a soja, se anteciparam nas negociações com as revendedoras de produtos. Segundo o gerente da Camda, "os produtores rurais, que plantam maiores áreas de soja ou de outros grãos, se anteciparam na compra, o que provocou preço mais alto e possível desabastecimento de insumos".
Para o mês de março, Maioli já prevê também a demanda maior por defensivos agrícolas em plantações de soja, que já realizaram o plantio no final de dezembro ou no mês de janeiro, e vão aplicar defensivos agrícolas. Ele afirmou que o defensivo agrícola, como o glifosato que tem muita procura por parte dos agricultores, além de outros inseticidas, herbicidas, nematicidas e fungicidas, estão em média 30% mais caros.
No atendimento aos produtores, cerca de 1.000 cooperados na loja de Rio Preto, o gerente disse que conseguiu atender todos os pedidos feitos no plano da safra 2020/2021, mas não descarta a possibilidade da falta de alguns insumos para os produtores que não se anteciparam na compra.
A gerente da cooperativa Coplacana de Rio Preto, Amanda Schiavinatti, acredita no maior impacto de preços e desabastecimento de produtos agrícolas para o segundo semestre de 2021. "Há muita especulação de preços e de falta de produtos, principalmente quando os insumos são fabricados por multinacionais", destaca.
Mas o maior impacto notado na Coplacana, de acordo com Amanda, está relacionado com os fertilizantes que levam o componente importado (MAP). "Tudo que envolve fertilizantes de plantio, como os fosfatos, observa-se um aumento de preços de até 50%". Amanda complementou ainda que a demanda por produtos também impactou a comercialização dos insumos.
É preciso se destacar dois segmentos de insumos que são de grande importância para a agricultura brasileira, de acordo com o gerente da Coopercitrus de Rio Preto, André Volfe, que são os fertilizantes e os defensivos agrícolas. "A demanda mundial pelos fertilizantes é alta, essencialmente de países como Estados Unidos, China, Rússia e Marrocos", lembra André.
Impulso
A desvalorização do real frente ao dólar, segundo André, impulsiona o mercado de insumos a ter maiores reajustes, mas as indústrias também tiveram uma quebra de produção, no ano passado, com a pandemia do novo Coronavírus. "O maior problema é a disponibilidade dos fertilizantes. Para novas compras não temos mais alguns produtos, além da logística de entrega também que estendeu o prazo, entre 20 a 30 dias."
Em relação aos preços, André ressalta que neste ano, os fertilizantes que custavam R$ 2.800 a tonelada, passaram a ter um custo de R$ 4 mil, a tonelada. Para os defensivos, o glifosato impactou mais o pacote de compra de insumos para o produtor rural, com reajuste de 30%, e a tendência de novos aumentos de preços não é descartada por André.
A demanda por sementes também pode ser outra preocupação para os produtores, principalmente as de soja e de milho. Na Coopercitrus, o gerente disse que a demanda maior é pela semente de milho, que tem pouca disponibilidade atualmente, pelo fato de os produtores terem se antecipado na compra, para o plantio do milho safrinha previsto ainda para este mês.
Embalagens em falta
No setor de hortaliças e frutas, o produtor rural está com dificuldades em encontrar as embalagens, tanto com as matérias-primas de papelão como as de plástico. De acordo com o proprietário da Hortimulti Comércio de Sementes, de Rio Preto, Carlos Takashi Itakawa, os produtores que comercializam frutas não encontram as caixas de papelão e estão com a alternativa de utilizar a caixa de madeira.
"Com o lockdown em muitas cidades, por causa da pandemia, a demanda por embalagens de papelão aumentou muito, principalmente pelos restaurantes que utilizam os produtos para o delivery de seus alimentos, o que provocou o desabastecimento", explicou Takashi. Mas a dificuldade maior, segundo ele, é com as embalagens plásticas, bastante utilizadas para as embalagens de hortaliças.
O atendimento maior na loja de Takashi é para os produtores de hortifrútis e ele lembra que esses produtores colhem a alface, por exemplo, a cada 25 dias, o que dificulta muito o desabastecimento das embalagens. Além das embalagens, Takashi não consegue disponibilizar em sua loja, equipamentos de irrigação, outro sistema muito usado pelos produtores rurais e que também estão com componentes em falta no mercado.