Asafra de laranja do ano agrícola de 2020/2021 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, principal região produtora do mundo, foi reestimada pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e divulgada no último dia 10 de fevereiro, apontando uma safra 30,45% menor em relação à safra anterior. Na região do noroeste paulista, citricultores confirmam as perdas de pomares relacionadas, principalmente, com as situações climáticas adversas, de altas temperaturas e poucas chuvas em época de florada das árvores.
Segundo os produtores rurais da região, os registros vão de 15% a 40% a menos da produção da safra de laranja anterior. "O ano foi bem difícil, desde a florada que atrasou com a falta de chuvas até a colheita, que teve uma quebra de produção", observa o citricultor Rodrigo Segantini Barato. Entre as áreas plantadas no município de José Bonifácio e na região de Jales, que totalizam 150 mil plantas de laranja, Rodrigo acredita que a colheita ficou entre 30% a 40% menor do que a safra passada.
Rodrigo explica que dois fatores são importantes e acabaram sendo limitantes à citricultura no ano passado, destacando a temperatura alta e a falta de água (de chuva). Mesmo com o sistema de irrigação utilizado em todos os pomares de laranja das propriedades, o produtor disse que ainda não foi suficiente para suprir a seca causada no outono do ano passado.
A colheita se encerrou nos laranjais de Rodrigo, que comercializa os frutos com as indústrias de suco e, recentemente, ele também está produzindo laranja de mesa. A qualidade do fruto, que chega para o consumidor, é o maior desafio, segundo Rodrigo. "Com as altas temperaturas, tivemos o abortamento do fruto ou o desenvolvimento comprometido", disse Rodrigo ao explicar o resultado de se ter a laranja de tamanho menor atualmente no mercado.
Preços que compensam
No pomar do produtor rural Vitor da Silva Lanzoni, de Paranapuã, é difícil encontrar frutos que não foram derrubados ao chão com a longa estiagem. "A seca severa, igual tivemos por aqui, no ano passado, faz com que o fruto amadureça rápido e, com a chuvarada dos últimos dias, vai derrubando as laranjas das árvores", conta o produtor. Ele ainda está colhendo algumas frutas, que entraram no período da entressafra, e lembrou que a laranja de qualidade, que é a mais procurada no mercado, está em escassez.
A principal comercialização de citros, na produção da propriedade de Vitor, se direciona para o entreposto da Ceasa em Araçatuba e também para os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso. Junto com o pai, Pedro Lanzoni, Vitor cultiva 40 mil árvores de laranja, 28 mil pés de limão e 2 mil pés de ponkan. E garante, que mesmo com poucas laranjas disponíveis no pomar e de 30% a menos da sua produção, os preços da laranja estão mais atrativos neste mês.
"Hoje temos laranja sendo comercializada entre R$ 42,00 a R$ 48,00 (caixas com 40,8 quilos), o que é muito bom para os produtores em termos de valores", avalia Vitor. Mas o citricultor lembra que o custo de produção é muito alto, além dos insumos que estão com preços elevados. "Para nós, um pé de laranja tem um custo aproximado entre R$ 36,00 e R$ 40,00 por ano e quem não tiver um rendimento de cinco caixas por árvore não consegue manter a citricultura", explica.
Nos próximos 30 dias, o citricultor Guilherme Dezan programa encerrar a colheita de laranja da variedade pera, a mais cultivada e de maior consumo no mercado brasileiro. Do pomar de 45 mil árvores plantadas, Guilherme e o pai, José Dezan, colheram 15% a menos do que na temporada anterior. Até o final da entressafra, Guilherme afirma que a expectativa é de colher 35 mil caixas da fruta.
Apesar da seca, que atingiu os pomares na propriedade de Guilherme em Paranapuã, os preços das caixas de laranja estão mais valorizados e o citricultor disse que está satisfeito com a cultura da laranja. "Há três anos, os preços da laranja estão melhorando para os produtores. Nos últimos meses a caixa da fruta foi comercializada em média, por R$ 46,00 e até R$ 48,00", diz Guilherme.