A desempregada Maria dos Santos, 45 anos, vai receber R$ 150 de auxílio emergencial. Nascida em dezembro, terá o valor liberado no fim do mês. Mas, e até lá, faz o que para sobreviver? Vende balas pelas ruas de Rio Preto. Não que o valor do auxílio vá ajudar muito. "É muita burocracia para um valor tão baixo. Se eu comprar um botijão de gás, que custa R$ 90, sobram R$ 60 para passar o mês."
Maria é viúva e tem dois filhos, uma de 14 anos e um de 19, todos moram juntos. O mais velho trabalha em um lava-jato e a renda ajuda na sobrevivência da família, mas como o movimento caiu, seus rendimentos também. Maria não tem direito à pensão do marido, que morreu há seis anos e contribuiu por pouco tempo à Previdência Social. "Já entreguei muitos currículos, mas não consegui nenhum emprego. Vender bala é humilhante, constrangedor, tem gente que me trata mal, mas não é uma opção, foi o único meio que encontrei para sobreviver".
Dependendo o dia, Maria consegue tirar R$ 40, R$ 70. Ontem pela manhã tinha obtido R$ 35. Chega à avenida Brigadeiro Faria Lima por volta das 8h, para onde vai de ônibus. No fim da tarde, retorna a pé até o terminal urbano. Também trabalha de acompanhante em hospital, passa roupa, o que aparecer. Mas o que ela busca é mesmo uma oportunidade de emprego.
A faxineira diz que tem muitas contas atrasadas. Só de aluguel são três meses. Carne, não come desde dezembro, quando comprou para comemorar o aniversário, conta dando risada. "No ano passado os R$ 600 ajudaram muito, consegui pagar os R$ 500 de aluguel. Agora, R$ 150 é esmola. Ainda assim é preciso ter fé em Deus e bom humor", afirma.