As equipes de resgate da Holanda e do Japão que trabalham há três dias para tentar desencalhar o cargueiro Ever Given no Canal de Suez dizem que a embarcação só será liberada na quarta-feira da semana que vem, dia 31. Com 400 metros, o Ever Given, de propriedade da empresa japonesa Shoei Kisen, tem em comprimento o mesmo que o Empire State Building tem de altura. O navio bloqueou a passagem em uma das rotas comerciais mais importantes do mundo, que liga Europa e Ásia, causando um prejuízo diário de US$ 9,6 bilhões.
A estimativa das perdas, segundo o Lloyd's List, jornal britânico especializado em indústria marítima, tem como base o total do tráfego diário em direção ao Mediterrâneo - US$ 5,1 bilhões - somado aos US$ 4,5 bilhões que seguem diariamente para o Mar Vermelho. Especialistas, no entanto, dizem que o prejuízo pode ser ainda maior. Nesta quinta-feira, segundo autoridades egípcias, havia 185 navios parados, aguardando a passagem por Suez.
A hidrovia artificial de 193 quilômetros de comprimento, conhecida como Canal de Suez, tem sido um ponto potencial de conflito geopolítico desde sua inauguração em 1869.
Estratégico
O canal fica no Egito, conectando Porto Said, no Mar Mediterrâneo, ao Oceano Índico, através da cidade egípcia de Suez, no Mar Vermelho, no sul do país. A passagem permite um transporte mais direto entre a Europa e a Ásia, eliminando a necessidade de circunavegar a África e reduzindo o tempo de viagem em semanas.
O canal é o mais longo do mundo sem eclusas, as obras que permitem às embarcações subirem ou descerem os rios ou mares em locais onde há desníveis (barragem, quedas de água ou corredeiras). Sem bloqueios para interromper o tráfego, o tempo de trânsito de ponta a ponta é em média de 13 a 15 horas, de acordo com a descrição do canal feita pela GlobalSecurity.org.
A estimativa é que pelo menos 150 navios que tentavam fazer a travessia entre a Ásia e a Europa estão impedidos de circular. Os navios transportam desde petróleo a cimento, peças de automóveis, bens de consumo, como roupas e móveis. Pelo menos 30 petroleiros estão em ambos os lados do canal.