O volume de empréstimos concedidos pelo Banco do Povo em Rio Preto no ano de 2020 foi três vezes superior ao montante liberado em 2019 para pequenos e microempreendedores locais. No ano passado, a instituição financeira disponibilizou R$ 8,2 milhões, enquanto que no ano anterior foram liberados R$ 2,3 milhões - um aumento de 247%, segundo dados da secretaria de Desenvolvimento Econômico e Negócios do Turismo de Rio Preto.
A soma do crédito disponibilizado pela instituição em 2020 é a maior dos últimos cinco anos e tem a pandemia como um dos principais fatores.
Esse volume se justifica pelo crescimento no número de pedidos de crédito. Em todo o ano passado, foram firmados 614 contratos, um aumento de 113% em relação ao ano anterior, quando a Prefeitura assinou 288 acordos de empréstimos.
"No início do ano estávamos registrando um número relativamente normal. A partir de abril passamos a ter uma concentração muito grande de pedidos, que coincidiu com um dos piores momentos da pandemia", afirma Jorge Luís de Souza, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Negócio de Turismo.
No ano passado, os meses que mais tiveram solicitações de empréstimos e contratos formalizados foram abril (244 contratos, com a liberação de R$ 410 mil); maio (238 contratos, com liberação de R$ 3,5 milhões); agosto (67 contratos, cuja soma foi de R$ 1,1 milhão) e setembro (57 contratos, que concederam R$ 837 mil).
O início da pandemia foi um momento de grande incertezas para o micro e pequenos empreendedor. Além da vontade de manter o negócio vivo durante os momentos de crise, a facilidade de acesso ao crédito e as condições de pagamento foram o influenciaram o empresário procurar a instituição.
"Além do período de carência para começar a pagar, o microempreendedor conseguiu encontrar linhas de crédito com juros a partir de 0,35%", reforça o secretário.
As linhas especiais de crédito criadas durante a pandemia permitiam aos empresários utilizarem o dinheiro para custear despesas básicas da empresa ou até investir no próprio negócio. Um dos critérios era o de arcar com despesas futuras e não pagar contas atrasadas.
A soma desses fatores foi fundamental para que a esteticista Flávia Nascimento conseguisse incrementar a clínica que possui há sete anos. Com a possibilidade de investir, ela pode atrair mais clientes. "O dinheiro saiu em um momento que eu mais estava precisando. Não teve burocracia, em uma semana estava na conta. Consegui usar para comprar novos equipamentos e melhorar o conforto das clientes", diz.
O empréstimo foi liberado no mês de outubro com a carência de 60 dias para começar a pagar. Entre um dos produtos adquiridos, está um equipamento utilizado para eliminar gordura localizada. Logo, a novidade começou a chegar ao ouvido das clientes e o movimento perdido no início do ano começou a ser recuperado.
"Uma pessoa começou a falar para outra e, em pouco tempo, tivemos um aumento nos atendimentos". Hoje, a clínica chega a tender um volume 40% maior de clientes em comparação com o período pré-pandemia.
Souza destaca que não foram apenas as condições de empréstimo que influenciaram esse volume recorde na liberação de microcrédito para empreendedores locais. Por conta da pandemia, a instituição precisou automatizar os atendimentos. Desde agosto, o empreendedor passou a contar com a opção de fazer o pedido de empréstimo direto no site da instituição. "Isso influenciou para que a média de novos contratos continuasse alta, mesmo depois do pico da pandemia", avalia.
O crédito também foi fundamental para que a microempreendedora Juliana Gonçalves conseguisse superar os prejuízos registrados durante a pandemia. Dona de uma lavanderia especializada na higienização de toalhas de rosto para estabelecimentos do ramo da saúde e beleza, ela diz que chegou a perder clientes com o fechamento dos serviços não essenciais.
O que tinha em caixa foi o suficiente para manter as despesas fixas e garantir o negócio funcionando, mas era preciso um empurrão para sair da estagnação. "Precisava de um equipamento que pudesse agilizar o processo de secagem das peças", conta.
Depois de procurar a instituição, ela tece acesso a uma linha de crédito no valor R$ 8,1 mil, suficiente para adquirir o equipamento. "Agora, estou podendo atender diferentes tipos de clientes o que já está fazendo efeito no faturamento", avalia.