Se nada mudar - o que é bastante incerto - este ano terá 242 dias úteis. Isso se não houver um recrudescimento da pandemia de coronavírus e novos lockdowns forem instituídos, novas antecipações de feriados e outras medidas que mexem com o andamento da economia. Em 2021, o calendário oficial prevê 12 feriados e sete emendas. São quatro dias a menos que no ano passado, que acabou tendo um desenrolar totalmente fora do previsto.
O calendário oficial de trabalho e dias de folga tem diferentes impactos sobre os setores da economia. Por um lado, causa prejuízos em alguns, e em outro, pode trazer reflexos positivos. Para o trabalhador, é significado de descanso e lazer.
A economia é composta por três principais setores, como serviços, indústria e agronegócios e, cada qual tem seus subsetores. "Quando um setor para, o outro é ativado, ou seja, feriados prolongados na indústria ativam o microssetor de lazer e turismo em serviços. A economia vai se movimentando nessa dinâmica", afirma o economista José Mauro da Silva.
O especialista explica que o que ocorre é que há setores que, por escala ou por horas extras, acabam tendo aumento de custos produtivos. Se por um lado esse custo impacta no orçamento da empresa, se transforma em incremento de renda para o trabalhador. "Isso não é perdido porque aumenta a renda nacional e o consumo".
Para este ano, os 19 dias sem atividade vão significar um prejuízo estimado em R$ 1,279 bilhão para a economia de Rio Preto. O cálculo feito pelo consultor empresarial Valdecir Buosi considera o valor do Produto Interno Bruno (PIB) de Rio Preto de 2018 - R$ 17,5 bilhões - o mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor de serviços é o que tem a maior perda, estimada em R$ 711,3 milhões; em seguida aparece o comércio, com R$ 418,6 milhões e em terceiro, a indústria, com prejuízos estimados em R$ 149 milhões.
As empresas que tem expediente de segunda a sexta-feira terão 242 dias úteis para trabalhar, pois serão 12 feriados de um total de 14 que irão cair em datas de segunda a sexta-feira e sete dias que normalmente ocorrem emendas. "Em 2020 os prejuízos foram muito maiores que o estimado em função das muitas paralisações que aconteceram. Dependendo do setor não houve faturamento", afirmou Buosi.
Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp), Kelvin Kaiser, a conta do prejuízo segue um raciocino lógico, mas não é um número preciso porque há shoppings, hotéis, restaurantes e lojas que fazem acordo, por exemplo, e não deixam de trabalhar. "Se tivéssemos a Lei da Liberdade para Empreender aprovada, esse número do PIB seria muito menos afetado. As lojas poderiam fazer acordo com seus colaboradores e poderiam trabalhar nesses feriados fazendo compensações ou pagando hora extra, sem ter que ficar ligado ao sindicato para pedir autorização. Esse é um ótimo exemplo, inclusive, sobre a importância dessa lei para trazer renda e emprego para o município", afirmou.
Ele afirma que hoje o comércio já se organiza para esses feriados, mas continua na luta para a aprovação da Liberdade para Empreender sem emendas, sem qualquer tipo de alteração, para que o comércio não precise perder essa receita toda. "Este é um ano de muitas incertezas e é impossível fazer qualquer previsão mais acertada por conta das variáveis como a vacinação, para o comércio voltar a funcionar sem medo de restrições e a possível evolução da segunda onda da contaminação", disse.
Outra perspectiva
O economista Ary Ramos da Silva Júnior destaca, entretanto, que é preciso haver um equilíbrio entre oferta e demanda e que não adianta abrir as lojas todos os dias se os consumidores não tiverem recursos para a compra de seus produtos, e seria necessário estimular as demandas e não apenas aumentar as ofertas. "Numa economia mais centrada por concorrências crescentes, estas paradas poderiam ser vistas como um momento de recarregar as energias da população para a correria do cotidiano, uma pausa de descansos", afirma.
Segundo ele, feriados e folgas não são situações que trazem mais perdas para os empresários. "As pessoas apenas alteram seus momentos de compra. Diante disso, acredito que os gestores mais conscientes devem ver a questão de forma diferente, se teremos um feriado num determinado momento, cabe criar instrumentos para atrair os consumidores, com promoções e estímulos para as aquisições".
Ary ressalta ainda que o setor de serviços, por exemplo, não é homogêneo e, normalmente, shoppings e restaurantes trabalham nessas datas. "Muita coisa na economia continua mesmo que em feriados. Pousadas, thermas, eventos culturais, lazer, isso tende a ter ganhos muito substanciais".