Vai ter horário especial de Natal, sim. Mesmo com a pandemia do coronavírus, as lojas de Rio Preto vão funcionar em horário estendido neste ano para atender aos consumidores que vão em busca dos presentes de Natal. Só que tudo vai ser um pouco diferente, incluindo horários e protocolos de segurança. O fechamento das lojas será mais cedo, às 20h, e a abertura, mais tarde, às 10h.
O cronograma especial de funcionamento noturno foi divulgado nesta terça-feira, 1º, à tarde, pelo Sindicato do Comércio Varejista de Rio Preto (Sincomercio), depois de reunião que envolveu representantes dos shopping centers, de empresários da área central, além de prefeitura. "Fizemos uma pesquisa envolvendo cerca de 80 empresários, pelo Whatsapp, e decidimos pelo melhor horário em votação", afirmou Ricardo Eládio Arroyo, presidente do Sincomercio de Rio Preto.
É que neste ano, como Rio Preto está na fase amarela do Plano São Paulo, o que permite o funcionamento das lojas durante dez horas do dia, foi preciso fazer uma adaptação para aproveitar uma parte do turno da noite. Até o ano passado, as lojas podiam funcionar até 22 horas de segunda a sexta-feira. Agora, houve uma modificação e o horário nesses dias será das 10h às 20 h. "Decidimos nos antecipar para que os lojistas possam se preparar a tempo, inclusive com contratações, se houver", disse.
O calendário de funcionamento começa a partir do dia 5, sábado, como prevê a legislação municipal. Haverá atendimento inclusive durante três domingos. Os únicos dias sem funcionamento são 25 de dezembro e 1º de janeiro. Os shopping centers vão funcionar das 11h às 21h de segunda a sábado e atenderão das 14h às 20h, aos domingos. Dia 8, feriado municipal, as lojas do cento funcionam das 9h às 15h e dos shopping, das 14h às 20h.
Até as contratações de temporários foram prejudicadas neste. A expectativa do Sincomercio é de uma redução de 30% na quantidade de oportunidades na comparação com 2019 - que já foi ruim -, o que representaria 800 vagas de trabalho no comércio de Rio Preto. "Gostaria muito que desse para contratar, mas deve ficar difícil", disse. Isso porque com menos horas para trabalhar não será necessário aumentar o quadro de colaboradores.
As entidades do comércio decidiram se antecipar enquanto aguardam uma possível manifestação do governo paulista sobre a extensão do funcionamento em duas horas, passando para 12 horas diárias, mesmo dentro da fase amarela. Esse pedido foi feito formalmente pela Federação do Comércio e pela Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp). "Se houver alguma decisão nesse sentido, os horários podem mudar novamente", explicou.
Mas segundo fontes não há muita perspectiva de que isso possa acontecer, já que as tratativas vêm ocorrendo desde antes do primeiro turno das eleições municipais e nesta segunda-feira, 30, o Plano São Paulo fez com que todas as regiões do estado retrocedessem para a fase amarela, com um pouco mais de restrições.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e Negócios de Turismo de Rio Preto, Jorge Luis de Souza, afirmou que já em outubro a deliberação da prefeitura dava liberdade aos estabelecimentos comerciais para que eles decidissem pelo próprio horário - sem uma determinação obrigatória como ocorreu em fases mais rígidas. "As lojas estão preparadas para receber o público, mas precisamos muito da colaboração da população para que evitem aglomerações, usem o álcool em gel e as máscaras para que assim tenhamos um Natal tranquilo e as vendas fluam", afirmou.
A Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto informou que não foi convidada para a reunião sindical sobre a definição do horário do comércio neste fim de ano, mas compreende que a questão é mérito a ser tratado entre os sindicatos patronal e laboral do comércio. "Nossa contribuição foi dada ao ouvir comerciantes, debater com o governo municipal e propor, ainda, outras alternativas quanto ao horário de abertura e fechamento das lojas para os próximos dias. Respeitamos a decisão do Sindicato e esperamos poder contribuir junto ao anseio dos lojistas quanto à possível extensão para o funcionamento de 12 horas, conforme solicitação formalizada via ofício ao governo do Estado", disse o presidente da Acirp, Kelvin Kaiser, em nota à imprensa.
Lojistas divididos
A gerente financeira da loja de roupas Veste Mais, Vanessa Marcolino Bavutti, se diz extremamente preocupada. Para ela, a possibilidade de abrir em um horário alternativo não é tão atraente, já que muitos consumidores preferem fazer as compras nas primeiras horas de abertura de comércio, entre 9h e 10h. "O certo seria aumentar o horário de funcionamento, para ter menos aglomerações. Além disso, o fechamento mais cedo [às 20h] irá prejudicar nosso planejamento de vendas. Muitas pessoas saem do trabalho às 18h, vão chegar aqui e terão que esperar na fila. Ao reduzir o horário, as pessoas vêm aos montes e temos que restringir o número de clientes".
José Cláudio Do Nascimento, gerente-geral da loja Tanger, enxerga a atual situação com bastante otimismo e acredita que as alterações nos horários devem influenciar em uma mudança de comportamento dos consumidores. "O período das 18h às 20h é bastante curto para aquele cliente que trabalha e ainda tem que passar em casa, antes de vir para o Calçadão. Por isso, a gente acredita que essas pessoas vão priorizar fazer suas compras durante os finais de semana. Ele ainda destaca que o ideal seria poder atender até as 22h, mas se diz satisfeito pelo fato de o município não ter regredido para a fase laranja.
O gerente da Textil Abril, Elizeu Rubinho afirma que, tradicionalmente, o intervalo das 18h às 20h é um período de menor movimento de consumidores, conhecido pelos comerciantes como 'horário da janta'. "O trabalhador da indústria, por exemplo, costuma vir depois das oito horas. Esse é um público que nós vamos perder", destaca. Apesar de lamentar a restrição de funcionamento de dez horas diárias, Rubinho avalia que, diante da atual situação, a medida ainda é satisfatória para o comércio. "Dentro do que estamos vivendo, ainda vamos conseguir trabalhar. O que a gente espera é que o cliente que era acostumado a vir entre oito e dez da noite passe a priorizar o sábado e o domingo, para não perdermos o volume de vendas."