Em 2020, devido à crise provocada pela pandemia da Covid-19, dezenas de famílias perderam suas casas e muitas outras viveram sob a ameaça da perda da moradia. Em Rio Preto, o ator Henrique Nerys, que mora de aluguel, sentiu o fantasma do despejo por perto nos primeiros meses do distanciamento social no ano passado. "O início do ano costuma ser um período de pouco trabalho para artistas. Isso sempre foi algo que me deixou apreensivo. Mas no ano passado, teve a complicação da pandemia, e a possibilidade de perder minha casa tornou-se mais concreta", conta ele, que apresenta hoje, às 20h, em seu canal no Youtube, a performance virtual "¿Quem Sou?".
"O tempo é um ponto determinante no trabalho, pois revela o quão cruel ele se torna para o indivíduo desabrigado, o sonho demolido através de histórias criadas sob tijolos", conta o artista de Rio Preto, que está com o ator Luís Andrade em cena. "Trata-se de uma vídeo-performance que traz um olhar reflexivo acerca das milhares de famílias despejadas no Brasil durante a pandemia, acentuando a desigualdade social que há no País, por meio da falta do direito à moradia digna", reforça o artista, que contou com recursos da Lei Aldir Blanc para viabilizar a montagem de "¿Quem Sou?".
Henrique gravou a performance em frente de sua própria casa, acentuando o aspecto afetivo da moradia e sua importância para o ser humano ser reconhecido enquanto cidadão dentro de uma comunidade. "Conto, por meio das imagens, as camadas da demolição do sonho de uma moradia", diz. "Tenho me dedicado a esse assunto nos últimos meses, recolhendo notícias e informações. Só em 2020, pelo menos 6,5 mil famílias foram desabrigadas e quase 20 mil ameaçadas de remoção. É algo preocupante", destaca o ator.
Entre os recentes trabalhos de Henrique na cena rio-pretense está a peça online "Entre Quatro Lives", da Cia. Ir e Vir, apresentada na primeira edição do FestFIM, em agosto do ano passado.