Completando três décadas de ensino da dança em Rio Preto neste ano, a bailarina e professora Flávia Bueno achava que já tinha vencido todos os desafios que a sua profissão impõe. Mas a pandemia da Covid-19 forçou a reinvenção, e agora ela vem encarando as tecnologias de transmissão online para manter o vínculo com suas alunas. "É algo totalmente novo para mim, não era muito ligada na internet. Fiquei com certo receio sobre o resultado, mas a experiência tem sido incrível. As alunas estão crescendo tecnicamente mesmo as aulas sendo a distância", comemora. "Com as crianças menores, de 3 a 6 anos, é mais complicado pelo virtual, mas estou buscando novas abordagens com a ajuda das mães, que participam junto nas aulas."
Ao longo desses 30 anos de ensino da dança, Flávia já deu aulas para várias gerações de uma mesma família. "São muitas as mães que foram minhas alunas e que colocaram suas filhas no balé. Já dei aula para três gerações de uma família", conta. Entre as alunas da bailarina e professora está a atriz Fernanda Freitas, que fez aulas de dança na infância e pré-adolescência. "Ela [Fernanda], inclusive, deu aulas na minha escola."
Ex-aluna de Flávia, Cristina Martins tem hoje a filha, Isabela, estudando na escola da bailarina rio-pretense. "Minha filha mais velha, Gabriela, também fez balé com a Flávia. A Isabela começou pequena. Ela tem um dom imenso para a dança, mas precisava de concentração, de disciplina. E isso também se reflete na escola e no dia a dia em casa", conta.
Balé para a vida
Para a bailarina e professora, independentemente de seguir profissionalmente na dança, suas ex-alunas levam consigo todos os benefícios que essa arte proporciona, tanto físicos como emocionais. "Fazer balé é vencer os limites de seu corpo todos os dias. Isso exige determinação, disciplina e dedicação, coisas que as alunas levam para a vida. Não banalizo o ensino, não deixo a aluna na zona de conforto, pois, no futuro, ela se lembrará do que aprendeu no balé para encarar os desafios da vida", diz Flávia.
"Ela sempre falava nas aulas: 'Se cair no chão, levanta e dá um sorriso. O público está diante de você'. E quantas vezes a gente cai na vida, não é?", diz Camila Ferraz, ex-aluna de Flávia. "Aprendi com ela a sempre buscar o meu melhor, não desistir jamais. Eu carrego isso para a minha vida, pois o balé me deu uma força especial para enfrentar os obstáculos do cotidiano", destaca Cecília Buzzo, outra ex-aluna.
A trajetória no ensino da dança teve início na cidade de Palestina, mas não demorou muito para Flávia chegar a Rio Preto, assumindo o posto de professora de balé do Colégio São José. Ela ainda foi professora do Palestra e, há 18 anos, é responsável pelas aulas do Monte Líbano. "Foram experiências que me deram a segurança para montar a minha escola, em uma época que havia poucas opções na cidade. Fico feliz de ter dado esse pontapé inicial. Vivo da minha dança e isso é o mais gratificante."