Originalmente, Stephen King lançou "A Dança da Morte", sobre uma pandemia que dizimou a população da Terra, em 1978. Corta para o ano de 2020, quando uma nova adaptação para a televisão está chegando, com o mundo sob ataque da covid-19.
"Foi surreal terminar de rodar quando a pandemia já estava acontecendo", disse Benjamin Cavell, criador ao lado de Josh Boone da minissérie "The Stand", que estreou no serviço de streaming Starzplay. "Mas o tema de 'The Stand' para nós nunca foi a pandemia, e, sim, a luta subsequente entre as forças da luz e as da escuridão", completou.
De fato, a minissérie começa após a morte de mais de 99% dos seres humanos, com o desenrolar do contágio visto apenas em flashbacks. "No livro, a doença é apenas um mecanismo para esvaziar o mundo e abrir espaço para um Senhor dos Anéis nos Estados Unidos, com nossos heróis caminhando em direção a Mordor", disse Cavell, explicitando a vontade de King de fazer uma versão do romance épico de J.R.R. Tolkien em solo norte-americano.
Os sobreviventes, imunes ao vírus, recebem chamados em seus sonhos, seja de Mãe Abigail (Whoopi Goldberg) ou de Flagg (Alexander Skarsgaard). Ela representa as forças do bem, a serem reunidas em Boulder, Colorado, sob uma democracia. Ele é o símbolo das forças do mal, baseadas em Las Vegas, Nevada, uma autocracia. No primeiro grupo está Stu (James Marsden), presente no posto de gasolina no Texas que foi o ponto zero da infecção fora da instalação militar onde o vírus foi criado.
Mas, por mais pontos em comum com a realidade, 'The Stand' é, claro, uma obra de ficção. "Vou deixar a cargo do espectador se a série se parece com o que estamos passando nas nossas vidas", disse Cavell. "Mas eu acho que, por pior que esteja sendo, a covid-19 não é a doença conhecida como Capitão Viajante. E em última instância o material original é esperançoso no futuro da humanidade." A decisão de não mostrar todo o desenrolar da pandemia certamente contribui bastante para isso.
Segundo Cavell, o próprio Stephen King deu sua bênção para as mudanças e inclusive contribuiu com elas, escrevendo o último episódio da minissérie, um adendo que vinha planejando fazia 30 anos. Ou seja, mesmo quem leu as mais de mil páginas do romance original vai ter a chance de ver algo diferente - e com a aprovação do próprio autor e de seu filho, Owen King, que estava no time de roteiristas.