Inicialmente programada para agosto, mas adiada devido à pandemia da covid-19, a 15ª edição da Bienal Naïfs do Brasil finalmente entrou em cartaz no Sesc Piracicaba, podendo ser visitada com agendamento prévio. E a região está bem representada na maior mostra brasileira dedicada à arte primitivista, com trabalhos do rio-pretense Edgard di Oliveira e do mirassolense Jair Lemos. Apesar do adiamento, o Sesc Piracicaba promove, até julho do próximo ano, uma série de atividades online alusivas à sua tradicional bienal.
Discípulo de José Antônio da Silva (1909-1996), Edgard di Oliveira homenageia o seu mestre em sua quinta participação na Naïfs do Brasil. E Silva está muito bem acompanhado nas duas telas do rio-pretense que integram a 15ª edição da exposição: "Abraço ao Museu do Silva" e "Ceia dos naïfs no Museu do Silva".
Nos dois quadros, nomes da arte primitivista de Rio Preto fazem companhia a Silva e personalidades como a escritora Dinorath do Valle (1926-2004) e o professor, escritor e pesquisador Romildo Sant'Anna, ex-diretor do Museu do Silva. "Fiz questão de retratar as duas cenas no museu para chamar a atenção das pessoas sobre a sua importância. O Museu do Silva é a casa do pintor primitivista da cidade", comenta Oliveira, que começou a pintar aos 18 anos influenciado pelo mestre naïf. "Ele me ajudava muito, comprando telas e tintas para eu pintar", relembra ele, que está com 73 anos atualmente.
Tradição e meio ambiente são retratados nas duas telas de Jair Lemos selecionadas para a Naïfs do Brasil. "Amazônia em transe" denuncia a degradação da maior floresta tropical do mundo em nome do capitalismo. Já "Bebendo o morto" traz uma típica cena de velório no interior paulista.
Discípulo de Orlando Fuzinelli, outra referência da arte primitivista em Rio Preto, o mirassolense participa pela primeira vez da mostra do Sesc Piracicaba. "É uma honra. Dividir sua arte na mesma parede que grandes artistas estão expondo ou expuseram, como Waldomiro de Deus, Con Silva, Raquel Trindade e outros, é um incentivo imenso para continuar pintando", comenta Lemos.
Com curadoria de Ana Avelar e Renata Felinto, a 15ª Bienal Naïfs do Brasil conta com 212 obras de 125 artistas, que representam 21 estados brasileiros, além do Distrito Federal. A partir do tema "Ideias para adiar o fim da arte" - uma referência direta ao pensamento do líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro Ailton Krenak e ao filósofo e crítico de arte norte-americano Arthur Danto -, a exposição reúne instalações, pinturas, desenhos, colagens, gravuras, esculturas, bordados, marcheteria e entalhes. Mais informações no site bienalnaifs.sescsp.org.br.