Diário da Região
TEATRO E REFLEXÃO

‘Aquele que diz sim, aquele que diz não’ leva Brecht e Kurt Weill ao palco do Teatro Municipal

Apresentação será na segunda-feira, dia 18, às 20h, no Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto, com entrada gratuita

por Salomão Boaventura
Publicado há 5 horasAtualizado há 2 horas
Montagem do IFSP Votuporanga propõe releitura simbólica do texto de Bertolt Brecht (Alexandre Fornaro/Divulgação)
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Montagem do IFSP Votuporanga propõe releitura simbólica do texto de Bertolt Brecht (Alexandre Fornaro/Divulgação)
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Em tempos de pressa e certezas frágeis, o palco do Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto se abre para o pensamento. Na segunda-feira, dia 18, às 20h, estudantes e professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Câmpus Votuporanga apresentam “Aquele que diz sim, aquele que diz não”, de Bertolt Brecht, sob direção geral de Eduardo Catanozi e direção musical de Anna Isabel N. B. Rocha. A entrada é gratuita.

As músicas, adaptadas das composições originais de Kurt Weill, serão executadas ao vivo pelos próprios estudantes e professores do Instituto, reforçando a integração entre arte e educação. A peça, escrita em 1930, propõe uma reflexão que atravessa o tempo: a tensão entre o indivíduo e o coletivo, entre a obediência e o pensamento crítico.

A narrativa acompanha um garoto que vive em uma aldeia assolada por uma epidemia. Ele insiste em acompanhar um grupo que parte para as montanhas em busca de uma cura. Durante a jornada, adoece, e o grupo debate se deve deixá-lo para trás para não comprometer a missão. No primeiro ato, o garoto aceita a decisão e concorda em ser abandonado. No segundo, recusa-se a repetir o gesto, questionando as tradições que já não se ajustam ao presente.

Com essa dualidade, Brecht instiga o espectador a pensar sobre as regras que regem a convivência humana e o poder transformador da dúvida. “Aquele que diz sim, aquele que diz não” propõe, mais do que uma história, um exercício de consciência — marca central da dramaturgia brechtiana.

A encenação adota a estrutura épica proposta pelo autor, afastando-se do realismo para valorizar a teatralidade. Objetos simples ganham novos significados cênicos, convidando o público a manter um olhar crítico e participativo. Inspirado na parceria entre Brecht e Weill, o elenco — formado por alunos do 3º ano do Curso Técnico Integrado em Edificações do IFSP Votuporanga — se apresenta acompanhado pelos professores músicos Anna Isabel N. B. Rocha, Ivair F. de Amorim, Domício M. S. Junior, Maria Fernanda G. Brigati, Eloá C. Borges e João Fernando F. Parreira.

Além da música, a montagem incorpora elementos acrobáticos e inspira-se no teatro japonês Kabuki, em diálogo com as origens da peça, baseada em uma antiga lenda japonesa. Essa fusão de linguagens amplia o alcance visual e simbólico da obra, reforçando seu caráter formativo.

Mais do que uma encenação, o projeto reafirma o compromisso do Instituto Federal de Votuporanga com a formação estética e cidadã de seus alunos. No palco, o aprendizado deixa de ser teórico e se torna experiência viva, coletiva e profundamente humana.