Frei Mariano, de 33 anos, é o terceiro franciscano da Associação e Fraternidade Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, com sede em Jaci, a morrer vítima da Covid. O religioso estava internado em Bragança Paulista, em um hospital administrado pela entidade.
O franciscano atuava no Hospital Nove de Abril, em Juruti (Pará), que serve de apoio ao Barco Hospital Papa Francisco, que atende comunidades ribeirinhas do Amazonas. Foi contaminado em fevereiro deste ano e piorou muito. A Associação então decidiu trazê-lo ao Estado de São Paulo, para que ele tivesse acesso a um melhor atendimento no Hospital Universitário de Bragança Paulista.
O Barco Hospital não conta com voluntários nesse momento, mas com uma equipe contratada continua realizando os atendimentos de Covid, inclusive dando apoio em situações complicadas, como a falta de oxigênio que o Pará vivenciou. Na mesma época em que frei Mariano foi infectado, os freis Joel e Nicolau, que atuam no Pará, também foram contaminados pelo coronavírus. Eles precisaram ser hospitalizados, mas se recuperaram bem.
Frei Mariano entrou na fraternidade em junho de 2005, vindo de Iturama (Minas Gerais). Farmacêutico e bioquímico, atuava na administração do Hospital Nove de Julho.
Enquanto esteve internado, diversos pedidos de orações pela recuperação do franciscano foram feitos. A Associação lamentou a perda do frei nas redes sociais. Outras homenagens foram feitas por quem o conhecia, inclusive associando sua partida com a Páscoa, celebrada neste domingo, dia 5. O ciclo de sua doença começou em 17 de fevereiro, quarta-feira de cinzas.
"A saudade em mim já é realidade, o que me conforta é saber que ela de alguma forma eternizará sua presença em mim. (...) Ninguém morre quando continua no outro. (...) Meu coração chora sua partida, mas a fé na ressurreição ilumina minha alma e enche de esperança os meus dias. O céu está em festa e é o seu novo endereço. Daqui uma prece de amor e as doces lembranças que semeaste. Descanse em paz meu irmão e amigo", escreveu o frei Saulo Silva no Facebook.
Mariano foi o terceiro religioso da instituição a morrer vítima da Covid. O primeiro foi frei Bruno, de 36 anos, em 9 de abril de 2020, o segundo foi Mário Lúcio, de 55 anos, que se preparava para ingressar na vida franciscana e faleceu em maio.
"Ele se doou para que outras pessoas vivessem. Ele estava ali na linha de frente, ele era farmacêutico e bioquímico. Estava atuando em prol de outras vidas, e foi assim que ele contraiu a doença e acabou vindo a óbito", afirmou frei Eliseu. "O maior legado que ele deixa é o da doação. Todos nós da vida religiosa entramos com esse propósito da doação. O frei Mariano não simplesmente morreu, ele entregou sua vida em favor de muitas outras vidas. Em Juruti, há uma legião de pessoas agradecidas que vivem e retomaram a saúde devido ao serviço, empenho e doação do frei Mariano. Esse é o maior legado que ele deixa para nós que tivemos contato, que conhecemos e convivemos com ele."