No mês de março, o pior da pandemia até o momento, um caso de coronavírus foi registrado a cada quatro minutos em Rio Preto. Foram 11.296 ocorrências positivas, considerando-se a data de confirmação, um aumento de 42,3% em relação ao pior mês até então, que era o de agosto do ano passado.
Considerando-se que pelo menos 10% deles vão precisar de um leito de UTI, são pelo menos 112 pessoas que precisaram ou vão precisar de internação em algum momento - a piora do quadro clínico acontece alguns dias após o paciente apresentar os primeiros sintomas. Desse total, pelo menos 33% deles vão demandar uma UTI, o maior problema do município e na região neste momento.
Foram 364 mortes, uma média de 11,7, também o mês mais letal até o momento em Rio Preto. Exatamente a soma de agosto e setembro, até então os piores em termos de letalidade.
Nesta quinta-feira, 1º, foram confirmados mais 540 casos de Covid na cidade, o que fez a média móvel (soma dos registros da última semana dividida por sete) subir para 320. É menor que os 500 que já chegaram a ser registrados em um único dia, já durante o lockdown, mas ainda assim preocupa. Estima-se que 10% (54) desses pacientes vão precisar de internação em algum momento. Desses, um terço (15) vão precisar de UTI. Se fosse hoje, grande parte deles, se não todos, teriam problema para encontrar uma vaga, já que a demanda por um leito de maior complexidade é grande.
De acordo com a Secretaria de Saúde, na quarta-feira, 31, havia 609 pacientes internados com síndrome respiratória aguda grave (SRAG), ou seja, com o pulmão comprometido de alguma forma. Desses, 475 tinham Covid confirmada, sendo que 262 estavam em enfermaria e 213 em UTI.
Com o fim do lockdown, a tendência é que a taxa de transmissão volte a subir. Na última medição da Secretaria de Saúde, datada de uma semana atrás, ela estava em 0,993, o que significa que um grupo de mil pessoas contaminadas estava transmitindo o vírus para outras 993, ou seja, a quantidade de doentes não estava dobrando. Os especialistas pedem que a população fique em casa quando possível, para evitar a propagação da Covid.
No último dia do lockdown, nesta quarta-feira, 31, o índice de isolamento medido pelo governo do Estado com a colaboração das empresas de telefonia ficou em 42%, bem aquém do preconizado, que é entre 60% e 70%. Isso significa que 58% dos rio-pretenses foram às ruas em algum momento do dia.
No Departamento Regional de Saúde (DRS), que abrange 102 municípios, a ocupação de leitos está em 92,3%, com 173 novas internações.
Morte de bebê
O Hospital da Criança e Maternidade (HCM) confirmou que na noite desta quarta-feira, 31, morreu uma criança de 8 dias na instituição, vítima de Covid-19. É a mais jovem vítima da doença no HCM. Os pais não deram autorização para que o HCM divulgasse mais detalhes sobre o caso; também não foi informado em qual cidade os pais do bebê residiam - o HCM atende todos os 102 municípios do Departamento Regional de Saúde (DRS).
De acordo com o boletim da Funfarme, que abrange também o Hospital de Base, desde o início da pandemia outras quatro crianças ou adolescentes morreram, sendo um na faixa etária de 1 a 4 anos, um entre 10 a 14 anos e dois entre 15 e 19 anos.
No momento, o Hospital de Base tem 161 pacientes internados em UTI e outros 93 em enfermaria. No HCM, são três crianças hospitalizadas na enfermaria e outras três na UTI.
Pedido de ajuda
A regional de Rio Preto da Associação Paulista de Medicina (APM) divulgou carta pedindo que as autoridades tomem medidas para evitar o desabastecimento dos hospitais de medicamentos como sedativos, relaxantes musculares e anestésicos, essenciais à intubação. "Faltam medicações para esse mínimo de tratamento básico e humanitário. Não há hipnóticos, opioides e relaxantes musculares e em muitas cidades faltam medicações e leitos. Muitos doentes morrem sem assistência em casa por falta de local que os acolha adequadamente", disseram os médicos no texto.