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20.Fev.2021 às 18h15

CRÔNICAS DO MARIVAL

Mobilidade imaginária

Mesma humanidade capaz de proezas como vasculhar o solo marciano não consegue soluções para tornar o trânsito realmente acessível a todos


Por: Marival Correa
Animação mostra como foi o pouso de Perseverance (
Animação mostra como foi o pouso de Perseverance ("perseverança", em português), sonda desenvolvida pela Nasa, que pousou na superfície de Marte na quinta-feira, 18 - Divulgação/Nasa

Neste domingo, 21 de fevereiro, quando rememora-se a Batalha de Monte Castello travada ao final da Segunda Guerra Mundial, entre as tropas aliadas e as forças do Exército Alemão, e que marcou a presença da Força Expedicionária Brasileira (FEB) no conflito, imaginamos quantas guerras ainda teremos de travar. Neste domingo, 21 de fevereiro, enquanto vivemos nossas vidas comuns, de cotidianos incomuns numa pandemia sem precedentes, um robozinho curioso vasculha o solo marciano. E o tráfego segue seu fluxo, movimenta-se dentro de uma mobilidade imaginária. Quem realmente anda? Para onde se anda? E como se anda?

Um olhar atento para o cruzamento das avenidas Philadelpho Gouveia Neto e Antônio Marques dos Santos, no eixo de conexão para acessar a avenida Ernani Pires Domingues rumo norte de Rio Preto, revela a tal mobilidade imaginária. Simplesmente não existe a menor possibilidade de uma pessoa com alguma restrição física - um cadeirante ou idoso, por exemplo - atravessar de uma esquina para outra, naquele cruzamento, em segurança. Na verdade, a única opção é pelo asfalto, no mesmo lugar onde os motoristas pisam fundo. O ponto no canteiro central esquálido destinado à travessia a pé está bloqueado com pedras. Em resumo, a cidade que pensou no motor, não pensou no coração.

Logo, impossível não lembrar do simpático robozinho Rover Perseverance (perseverança, em inglês), que a Nasa fez pousar em Marte nesta última quinta-feira, 18. Na verdade, uma máquina inteligente, uma sonda espacial criada com o objetivo de investigar a geologia e procurar sinais de vida no planeta vermelho. E daí impossível também não deixar de concluir que a mesma humanidade capaz de proezas galáticas como esta, é a mesma que não consegue oferecer soluções simples para os desafios cotidianos aqui na Terra, como, por exemplo, tornar o trânsito verdadeiramente acessível para todos. Todos!

Disse o jornalista e escritor Lelé Arantes aqui mesmo neste Diário da Região, em 2004, que Ugolino Ugolini deve ter morrido de tristeza. Segundo Lelé, uma das causas seria a progressiva destruição das matas e das nascentes, das quais o primeiro vereador do município, em 1899, era um árduo defensor. Poderia ser acrescido, sem dúvida alguma, outro motivo da tristeza do engenheiro florentino, responsável pelo primeiro traçado urbano de Rio Preto: como a cidade cresceu desordenada ao logo do tempo, refém de uma mobilidade imaginária.

Para quem idealizou uma linha de bondes entre Rio Preto e o Salto do Avanhandava e tentou, em 1898, implantar nosso primeiro serviço telefônico, nada mais assustador do que visualizar as incongruências atuais e que vão muito além do cruzamento na Philadelpho. O que pensaria Nicola Antonio Raffaello Melchiore Ugolino Ugolini, um desbravador de caminhos — vide as estradas Rio Preto/Catanduva e Rio Preto/Avanhandava/Miguel Calmon/Penápolis e a mítica Estrada do do Taboado — ao se deparar com viadutos novos, mas com acessibilidade incompleta, como o Complexo Viário Antonio Lopes da Silva, conhecido como viaduto da Vetorasso? Pra quem tem alguma restrição de mobilidade, cruzá-lo em qualquer direção a pé é uma aventura perigosa - rampas que não se conectam dos dois lados do asfalto, bueiro sem tampa, acesso de veículos interrompendo o calçamento.

E mesmo para quem não possui restrições motoras, a situação é complicada. Basta perceber a batida de cabeça do poder público com o Calçadão. A desastrada abertura de ruas sem um prévio estudo ou consulta técnica e popular resultou em polêmica, além do risco de acidentes e atropelamentos nos cinco dias em que durou a "flexibilização" do tráfego no coração de Rio Preto.

Não, Ugolino Ugolini certamente não estaria nada contente. Simplesmente ficaria confuso com a tal Smart Cities que o município busca consolidar. As chamadas cidades inteligentes, conceito em alta hoje em dia, são aquelas que utilizam a tecnologia de modo estratégico para melhorar a infraestrutura e a mobilidade urbana, otimizar recursos, criar soluções sustentáveis, tendo como foco principal a qualidade de vida do cidadão. "Non ho capito niente" (eu não entendi nada!), bradaria Ugolini em bom italiano. "Dov'è la mobilità?", questionaria ele torcendo seu farto bigode. O anel viário em curso é importante, ponderaria em sentença final, mas não resolve a vida do pedestre, ou "pedone" como se diz no país da bota.

Por último, se o distinto florentino passeasse pela Ernani Pires Domingues, não muito distante do cruzamento da Philadelpho com a Antônio Marques, também não entenderia o asfalto de qualidade muito inferior ao da zona sul e seu calçamento perto do córrego Piedade totalmente desigual e repelente ao pedestre. Nem Ugolino concordaria, nem dona Francisca Spinelli Domingues, escritora e cantora, primeira-dama quando Ernani Pires foi prefeito rio-pretense. Logo dona Chiquinha, a primeira mulher a obter carteira de motorista em São Paulo e agraciada com a Comenda da Imperatriz Leopoldina, não concordaria com isso.

Como ensinou Lewis Munford, educador americano e autor de A Cidade na História, "aglomerados urbanos não podem deixar de ser vistos como uma estrutura especialmente equipada para armazenar e transmitir os bens da civilização". Bens que nem sempre são notados, mas que não podem ser tratados como parte de uma mobilidade imaginária.

 

Passagem pedestre entre as Av. Philadelpho Manoel Gouveia Neto e Av. Dr. Antônio Marques dos Santos
Passagem pedestre entre as Av. Philadelpho Manoel Gouveia Neto e Av. Dr. Antônio Marques dos Santos - Johnny Torres 17/2/2021
Cruzamento das avenidas Philadelpho Gouveia Neto e Antônio Marques dos Santos bloqueada para pedestres, até por pedras (detalhe); acima, a sonda Perseverance que pousou em Marte 
esta semana
Cruzamento das avenidas Philadelpho Gouveia Neto e Antônio Marques dos Santos bloqueada para pedestres, até por pedras (detalhe); acima, a sonda Perseverance que pousou em Marte esta semana - Fotos: Johnny Torres 17/2/2021
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