Nem sempre é em meio ao romantismo que se encontra o amor verdadeiro, às vezes é preciso passar pelo momento mais difícil da vida para poder encontrar o grande amor. E foi assim que os venezuelanos Sergimary Del Carmen Garcias Molina, de 28 anos, e Lorenzo José Baron Romero, de 26, se conheceram, durante uma "tempestade".
Apesar do casal vir do mesmo país, não foi lá que se conheceram, mas sim no Brasil, mais particularmente na cidade de Pacaraima, em Roraima. Os dois vieram da Venezuela a pé, cruzaram a fronteira em 2018 para fugir da crise no país. Chegando em terras brasileiras, não tinham onde morar e acabaram se alojando em uma praça, o que fez com que os dois se aproximassem e começassem a namorar.
Foi então que conheceram o grupo Fraternidade sem Fronteiras, que fez trabalho de acolhimento de refugiados que estavam em situação de rua. "Eles chegaram em um final de semana para fazer o cadastro das pessoas que estavam morando na rua. A acolhida no projeto foi ótima, pessoas de bom coração e com disposição 100% em nos ajudar", relembra a engenheira de petróleo Sergimary, formada na Venezuela.
No projeto "Brasil, um coração que acolhe", os venezuelanos recebem alojamento, refeições e toda assistência para que possam planejar o futuro no novo país. Entre as ações está a interiorização - conforme o Diário mostrou em novembro de 2020, um total de 292 refugiados venezuelanos foram trazidos para a região desde 2018. "A senhora Marizete Jesus (moradora de Catanduva) conheceu a nossa história e aceitou nos ajudar. A Fraternidade sem Fronteiras nos deu a passagem de ida e o suporte para chegarmos até Catanduva", conta Sergimary.
A interiorização do casal foi feita com uma diferença de cinco meses. Sergimary foi a primeira a chegar na nova cidade. Com a ajuda da voluntária da FSF, ela conseguiu um emprego em uma padaria, ganhou roupas, comida e estudos. "Nas primeiras semanas eu me comunicava com o auxílio de um tradutor da internet. Ganhei um livro de língua portuguesa e comecei a estudar. Em uma semana consegui ter mais facilidade e entender a língua portuguesa, isso me ajudou em tudo", conta a venezuelana.
Lorenzo também é engenheiro com especialização na área ambiental. No Brasil, foi contratado para trabalhar em uma lanchonete. A experiência do casal na área de alimentos fez com que decidissem apostar no próprio negócio. Juntos em Catanduva, eles alugaram uma casa e começaram a organizar um carrinho para que pudessem vender hambúrguer e comidas típicas da Venezuela. A expectativa é que comecem a vender no início de março.
Mais expectativa ainda estava para o casamento, que aconteceu nesta sexta-feira, 19. O casal, que neste ano completa três anos juntos, decidiu que chegou a hora de oficializar a união e em uma cerimônia intimista, no cartório, com a presença de seus padrinhos e amigos que os ajudaram até o momento.
"Estamos felizes por chegar até aqui, mesmo após todos os percalços. Estamos lutando para conquistar tudo que não pudemos no nosso país, tomando novos rumos e formando nossa família", diz a noiva.
(Colaborou Emanuelle Cristina)