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16.Jan.2021 às 22h37

'PREOCUPAÇÃO'

Levantamento mostra que Rio Preto tem 824 moradores de rua

Eles estão concentrados em diversos pontos da região central, como avenidas Bady e Philadelpho e sob o viaduto Jordão Reis


Por: Marco Antonio dos Santos
Concentração de moradores de rua no miniterminal da Pedro Amaral, que hoje está desativado
Concentração de moradores de rua no miniterminal da Pedro Amaral, que hoje está desativado - Fotos: Guilherme Baffi 7/1/2021

Quem passa pelo Centro de Rio Preto percebe cada vez mais a forte a presença de moradores de rua, principalmente nas imediações da avenida Bady Bassitt e do Terminal Urbano, chegando até o complexo de viadutos Jordão Reis, onde cresce a cada dia a população de uma minifavela. A situação é vista com preocupação pela Polícia Militar.

Comerciantes e moradores próximos reclamam de sujeira, mau cheiro e violência. Na madrugada de sexta-feira, 15, um morador de rua foi preso após atear fogo contra outro morador de rua. Também há uma investigação em andamento no 1º Distrito Policial sobre a suspeita do envolvimento de uma moradora de rua no incêndio de uma agência do Banco do Brasil, no centro da cidade.

Apesar da Prefeitura apontar queda da quantidade de moradores de rua, quem trabalha ou mora na região acredita que nunca houve tanta gente sem ter onde dormir. Um dos exemplos está no canteiro central da avenida Philadelpho Gouveia Neto, transformado em moradia por dez moradores de rua. Perto dali, um estacionamento também virou dormitório para mais seis deles.

Funcionário do Terminal Urbano, Carlos (nome fictício) diz ficar com medo de passar de madrugada em meio aos ocupantes da praça ao lado. "É muita gente ali bebendo. Já vi eles brigarem uns com os outros. Deixa a gente meio inseguro. Alguém precisa fazer algo", reclama.

Um vendedor de uma das lojas de veículos instaladas na Philadelpho acha inadequado a formação da favela próximo do viaduto Jordão Reis. "Ali não é lugar para ninguém viver. Precisa de alguém da Prefeitura tentar tirá-los de lá e arrumar uma moradia para os moradores", diz o vendedor, que prefere não se identificar.

O mais novo ponto de concentração da população em situação de rua é um posto de combustível recentemente desativado na esquina entre as ruas Bernardino de Campos e a avenida Philadelpho.

Um dos oito novos moradores do posto, Ademar Antonio Manoel, 40 anos, diz que foi obrigado a viver no local após ter sido despejado da casa onde morava, no bairro Vitória Régia. "Sou calheiro. Serviço eu tenho na hora que eu quiser, mas o que eu preciso urgente é de internação para sair do vício da bebida. Só assim saio das ruas", afirma.

Usuária de entorpecentes, Michele Rocha, 38 anos, também mora no posto. "Já fui casada, tenho filhos, mas não vou mentir, estou aqui por causa da droga e da pinga, além da depressão", diz ela, que reclama do alto risco de estupro que as mulheres em situação de rua enfrentam.

Vizinho do posto de combustíveis, o borracheiro Leo Lael, 61 anos, reclama da difícil convivência com moradores de rua. "Aí está demais, está triste. Hoje comprei creolina e desinfetante para reduzir o forte cheiro de fezes. Deveria cercar o posto, já que está fechado. Ali não é lugar adequado pra ninguém viver", considera.

Já na avenida Bady Bassitt, de dia, eles ocupam os canteiros centrais e de noite permanecem sob as marquises de lojas. Um dos moradores de rua é Romildo Pereira de Sousa, 35 anos, que chega a tomar banho na torneira usada para jogar água nas plantas do canteiro central. "A Prefeitura ajuda pouco a gente. Por exemplo, só podemos tomar um banho por dia, uma lavagem de roupa por dia, no Centro Pop. Além de ser uma burocracia o atendimento."

Colega de Romildo, Alexandre Mendes, 42 anos, cobra da Prefeitura a colocação em cursos técnicos. "É uma mentira quando dizem que a gente não quer sair das ruas. Quem quer viver deste jeito pra sempre? Eu quero minha casa própria, mas preciso passar por um curso de reciclagem para conseguir emprego", diz.

Com 40 anos, o morador de rua Eduardo Galvão Araújo diz que a única ação constante da Prefeitura junto aos moradores de rua é enviar funcionários para fazê-los responder questionários. "Não adianta mandar aquelas moças só para fazer perguntas. A gente precisa de clínica de tratamento para sair do vício, precisa de emprego, lugar decente para morar. Eu agradeço a comida que muitas entidades dão para gente, mas nós precisamos mais do que isso para sair das ruas", reclama.

 

Grupo ocupou posto de gasolina fechado na avenida Philadelpho
Grupo ocupou posto de gasolina fechado na avenida Philadelpho -
Morador de rua arruma colchão em calçada da avenida Bady Bassitt
Morador de rua arruma colchão em calçada da avenida Bady Bassitt -
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Prefeitura aponta queda

A Secretaria de Assistência Social de Rio Preto afirma que o número de moradores de rua caiu de 847 em 2019 para 824 em 2020. Segundo a Secretaria, 42,7% deste moradores são migrantes e moradores de Rio Preto que alternam entre rua e casa. E 91% são homens.

"Vale destacar que a problemática da pessoa em situação de rua está intimamente ligada às questões de ordem conjuntural, que se agravam em períodos de agudização de crises econômicas", informou a Prefeitura, em nota.

Sobre a formação de favela no viaduto Jordão Reis, a Prefeitura afirma que o local é ocupado por usuários de drogas, que já receberam oferta de tratamento, mas recusaram. "Todos já foram visitados pelo Município. Alguns aceitaram ajuda, mas depois voltaram a usar entorpecentes. Quando a abordagem é feita novamente, eles se recusam a deixar as ruas e o vício".

A Prefeitura destaca também as ações desenvolvidas pelo Centro POP, que oferta banho, lavanderia e diversos outros serviços à população de rua. "Além das ações de execução própria, contamos ainda com a rede parceira, que oferta os serviços de jantar, pernoites, casa de passagem, além do acolhimento emergencial em virtude da pandemia da Covid-19, corroborando para o processo de aquisição de autonomia e superação da condição de rua."

Conforme o Diário mostrou nessa semana, a prefeitura de Londrina encaminhou ao Ministério Público pedido de "providências" por suposto envio de seis moradores de rua, por parte de Rio Preto, que não teriam vínculo com a cidade paranaense. O MP pediu informações a ambas as prefeituras. (MAS)

Violência preocupa

O comando da Polícia Militar de Rio Preto está preocupado com o crescimento da população de rua na região do Centro, principalmente nas imediações do complexo de viadutos Jordão Reis.

O porta-voz do 17º Batalhão da Polícia Militar, tenente Cláudio Ziroldo, afirma que nos 12 meses de 2020 foram encontrados 28 foragidos pela Justiça entre os moradores de rua do Centro. "No ano passado, tivemos dois homicídios ocorridos após briga entre os moradores de rua. Fora os casos em que encontramos entre eles autores de pequenos furtos", diz o tenente.

A PM identifica um aumento de ocorrências com envolvimento de moradores de rua nas imediações das avenidas Philadeplho Gouveia Neto e Bady Bassitt, da rua General Glicério, da Praça Cívica. Os patrulhamentos destas áreas é feito em conjunto com a Guarda Civil Municipal.

Nesta região viraram rotina chamadas telefônicas com pedidos de ajuda para apartar briga entre os moradores de rua, que estão embriagados ou sob efeitos de entorpecentes.

A PM defende que seja realizada uma pesquisa entre os moradores de rua pelos órgãos governamentais, com ajuda da PM, para verificar se há mais foragidos, para que sejam entregues a Justiça.

Outra preocupação da PM é com relação às pessoas que são de outras cidades, que cumpriram penas em unidades prisionais de Rio Preto, mas ao progredirem para o regime aberto viram moradores de rua, porque não têm dinheiro para voltar para seus municípios de origem.

A realização de operação conjunta entre Prefeitura e PM com moradores de rua já foi realizada em 2015, mas não teve continuidade. (MAS)

Dados

Relatório 2019

  • 847 pessoas nas ruas

Relatório 2020

  • 824 pessoas nas ruas

Ações municipais

Números de atendimentos e ofertas em 2020

  • Passagens concedidas: 267
  • Vales refeição concedidos: 32.167
  • Banhos concedidos: 16.893
  • Utilizações de Lavanderia: 2.664
  • Atendimentos particularizado Centro POP (técnico, passagem e Cadastro Único): 4.700
  • Abordagens de rua realizadas (equipe própria e terceirizada): 3.770
  • Usuários encaminhados para Acolhimento Emergencial - COVID-19 : 366
  • Pessoas que saíram das ruas (casos de acompanhamento, atendimento e concessão de passagens, com rede familiar ou de apoio contatável): 348

Rede Parceira

Acolhimento Emergencial - COVID 19 (Serviço de Acolhimento) -

  • 41 usuários em atendimento atualmente, sendo 40 do sexo masculino e 1 mulher trans.
  • Usuários encaminhados para comunidade Terapêutica - 78
  • Usuários encaminhados para vagas de trabalho formal - 30
  • Usuários encaminhados para vagas de trabalho informal - 184
  • Usuários que retornaram para suas famílias - 78

Solução é união entre governo e sociedade

União de governos e sociedade civil, em ações articuladas, é a fórmula apontada pela pesquisadora Aline Ramos Barbosa, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, para redução da população de moradores de rua nas grandes cidades como Rio Preto.

Aline afirma que os governos e organizações não governamentais precisam trabalhar de forma articulada com os moradores de rua, com ações como como compartilhamento de cadastros, para que todos tenham um histórico da pessoa atendida e verifiquem quais medidas podem ser adotadas de forma gradativa para reinclusão social.

"Há muitos motivos para as pessoas irem parar nas ruas. São relacionados com desemprego, desentendimentos familiares, uso abusivo de drogas, processos migratórios frustrados. Agora temos também a questão da pandemia e os impactos na economia, na saúde e na sociabilidade. Ou seja, há uma infinidade de motivos e cada caso precisa ser estudado em suas particularidades para o melhor acolhimento", diz a pesquisadora.

Para Aline, é preciso ter ter um corpo técnico de funcionários concursados nos governos, para garantir a continuidade do plano, que conheçam as políticas públicas e que as desenvolvam no "nível da rua", o mais próximo do preconizado na orientação nacional.

"É de extrema importância que sejam realizadas as pré-conferências e conferências municipais de Assistência Social, porque é uma forma de participação da sociedade civil, colaboradores e usuários das políticas de Assistência Social", diz a pesquisadora.

Ex-diretora de Promoção Social da Prefeitura de Bebedouro, Adriana Simões afirma que é preciso capacitar as pessoas que trabalham com moradores de rua para evitar abordagens preconceituosas ou puramente assistencialistas.

"Precisa ter um olhar diferenciado para quem já perdeu tudo. Trabalhar sem fazer pré-julgamentos. Precisa ter um profissional que se coloque no lugar do morador de rua, para primeiro entender como ela foi parar naquela situação, para depois analisar qual o processo adequado para ajudá-la", diz.

Adriana afirma que, depois de trabalhar os problemas de saúde do morador de rua, dá para oferecer o acolhimento por meio de repúblicas, instaladas em imóveis construídos ou locados pelos governos. Com residência fixa estabelecida, dá para levar a pessoa para curso de capacitação profissional, recolocação no mercado de trabalho e inscrição em programas populares de habitação para que consiga um novo lar.

"Em Bebedouro, tivemos a experiência de oferecer à população de rua uma capacitação para produção de produtos de limpeza. Fornecemos o espaço e ingredientes. Eles mesmos vendiam e ficavam com o dinheiro. Isto ajudou estas pessoas a recuperar a cidadania e conseguiram se recuperar a autonomia", diz.

Para a Pastoral do Povo em Situação de Rua de Rio Preto, é urgente a Prefeitura ampliar a rede de atendimento dos moradores de rua. O agente pastoral Jaime Sanchez diz que é preciso aumentar o número de vagas nos albergues e casas de acolhimento e ter mais atendimento médico para evitar que morram por falta de tratamento. "Ha uma parcela significativa de moradores de rua que são egressos do sistema carcerário, que cumprem pena em Rio Preto, mas depois não têm dinheiro para voltar para suas cidades de origem. A Prefeitura precisa ajudar com passagens para quem não fiquem aqui vivendo nas ruas. Isto pode resultar numa queda significativa de pessoas em situação de rua", considera.

Participantes da Pastoral do Povo em Situação de Rua, da Paroquia de Nossa Senhora do Brasil, liderados pelo padre Ernesto Rosa, desde o ano passado ajudam os moradores de rua com fornecimento de banho quente e tanques para lavar roupas e até banho e tosa de seus animais de estimação. O trabalho é feito todos os sábados e domingos.

A nova vida de Odazir

Marco Antonio dos Santos 15/1/2021

A Casa de Cirineu, local de acolhimento de moradores de rua em Rio Preto, mantida por franciscanos, está repleta de exemplos de que se for dada a chance, há mudança de vida.

Um dos moradores de rua que partiu para o empreendedorismo foi Odazir Carlos da Trindade, 62 anos, caminhoneiro que ficou sem casa após desemprego e envolvimento com as drogas. Sua vida mudou após aprender o ofício da marcenaria. O próximo passo é abrir uma microempresa para comercializar suas peças fabricadas à mão.

"Eu estava quase morto, quase morrendo, porque vivi quatro anos nas ruas. Fui acolhido pela Casa de Cirineu, foi o que me salvou. O meu plano é me ajeitar melhor, e com certeza, arrumar uma casa para montar uma oficina no fundo", diz.

Coordenadora técnica e administrativa do espaço, a assistente social Anne Caroline Gonçalves Fernandes afirma que, nos últimos dez meses, 30 moradores de rua conseguiram obter a carteira de trabalho assinada.

"Tivemos 30 moradores de conquistaram trabalho formal e 189 moradores de rua que conseguiram se emancipar por meio do empreendedorismo", conta a assistente social. (MAS)

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