O governo do Estado divulgou nesta quinta-feira, 7, que a eficácia da Coronavac foi de 78% para casos leves e de 100% para casos graves. Isso significa que, a cada cem voluntários, 78 não tiveram o vírus e 22 foram contaminados. Nenhum, porém, teve a doença de forma grave nem precisou ser hospitalizado. O ciclo completo é composto por duas doses.
Em Rio Preto, a vacina foi testada em pelo menos 516 voluntários, profissionais de saúde da linha de frente. Os testes por aqui foram iniciados em agosto, conduzidos pela Famerp. Estima-se que na cidade, na primeira fase da vacinação, sejam imunizados cerca de 20 mil profissionais de saúde e 60 mil idosos.
No Brasil, os testes em 12,4 mil voluntários foram coordenados pelo Instituto Butantan, que vai produzir as doses, em parceria com a chinesa Sinovac. Estudo envolveu 16 centros de pesquisa em oito Estados.
Na pesquisa, o vírus foi isolado em laboratório e os cientistas infectaram células com o vírus para que ele se multiplicasse. Depois, os vírus são coletados e inativados por meio de procedimentos químicos, para não causarem a doença. Uma substância chamada adjuvante é adicionada aos vírus inativados e purificados para formular a vacina, que é aplicada em duas doses para induzir a formação de anticorpos.
Segundo Dimas Covas, diretor do Butantan, o governo paulista ainda vai encaminhar o pedido de registro da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já que isso teria que ser feito em conjunto com a Sinovac. O que será feito neste momento, disse ele, será apenas o pedido de uso emergencial da vacina. A partir daí são dez dias para a agência autorizar ou negar o uso.
Os dados de eficácia foram apresentados nesta quinta à Anvisa. Irineu Maia, chefe do Departamento de Infectologia da Famerp e médico do Hospital de Base, disse que é preciso ser rápido pela disseminação e gravidade de pandemia e explica o porquê foi possível desenvolver um imunizante para em meses. "O mundo científico parou e se voltou para a Covid. Temos hoje uma tecnologia excepcional para a produção de vacinas e temos um número enorme de indivíduos para serem testados."
O governo do Estado mantém para dia 25 de janeiro o início da vacinação de profissionais da saúde, indígenas e quilombolas. No dia 8 de fevereiro, deve começar a imunização dos idosos de 75 anos ou mais e assim sucessivamente, de forma decrescente para os maiores de 60 anos. O governo de São Paulo afirma que até o fim do ano toda a população paulista será imunizada.
"Quando você imuniza grande parte da população, vai ter poucos indivíduos suscetíveis, portanto a disseminação do vírus vai ser muito menor, e isso vai reduzindo até termos um número insignificante de pessoas suscetíveis e isso levar ao fim da pandemia", explicou Maia. "A vacina é a única maneira de interromper uma epidemia. Outra maneira seria todo mundo pegar o vírus selvagem, só que isso seria às custas de um percentual alto de óbitos e é isso que não queremos."
Michela Dias Barcelos, gerente do Departamento de Imunizações de Rio Preto, criticou a politização que se criou em torno da vacina. "Comparam com vacina que foi feita na década de 1950, 1960. Agora a gente tem mais disseminação de informações, mais tecnologias", ponderou. Ela ainda lembrou que os coronavírus não são novos (foram descobertos na década de 1960, o que é nova é essa variante que está circulando agora), e que já existiam pesquisas de vacinas contra eles. "Mas que estavam evoluindo de forma mais lenta porque não eram um problema de saúde pública mundial. Houve aporte de recursos, esses estudos foram agilizados."
Ela lembrou que existe uma agência reguladora, a Anvisa, e que um comitê internacional analisa os resultados obtidos, à parte do laboratório que desenvolveu o estudo.
As vacinas são uma estratégia de proteção coletiva, não apenas individual. Nesta semana, a vacinação com doses do Plano Nacional de Imunizações tornou-se obrigatória em Rio Preto. Segundo a Secretaria de Saúde, essa foi uma adequação ao Código Sanitário do Estado que já estava em tramitação desde antes da pandemia.
"Um profissional de saúde que se recusa a vacinar contra sarampo e cuida de um paciente que é transplantado ou tem uma doença autoimune, ele está colocando não só a vida dele em risco, mas de quem convive com ele", ponderou a enfermeira.
Compra
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira, 7, que está fechando contrato para compra de 100 milhões de doses da Coronavac. O ministro voltou a afirmar que a vacinação no País começa, no melhor cenário, em 20 de janeiro.
(Com agências Brasil e Estado)