Impulsionadas pela pandemia que restringiu as interações sociais, cada vez mais empresas adotaram o trabalho remoto. A modalidade home office expandiu as fronteiras do mercado de trabalho e possibilitou às companhias encontrar talentos além dos seus limites geográficos. Para as empresas, o aspecto positivo tem sido a melhora de produtividade dos colaboradores. Já para o profissional, a flexibilidade e a qualidade de vida estão entre os principais critérios na hora de aceitar uma vaga.
Esse é o caso do Clebison Eduardo Germano, 41 anos, que mora em Cotia, na grande São Paulo, e trabalha como líder de vendas na empresa Cobmax, de Rio Preto. Germano assumiu o cargo há cerca de um mês e passou a comandar uma equipe de colaboradores totalmente alocada em Rio Preto. Ele diz ter tomado a decisão de aceitar o emprego em empresa do interior após analisar as vantagens de trabalhar sem a necessidade de descolamento. "Penso que se eu tivesse que me mudar, não teria aceitado. Mas eu fiz a contas e vi que valeria muito a pena. O dinamismo é fantástico e a experiência está sendo muito boa".
Desde o início da pandemia, a Cobmax fez 251 contratações no modelo home office. Dez desses profissionais são de São Paulo e região metropolitana. "Quando se abre esse leque, a empresa consegue ter uma amplitude muito maior de talentos. A gente chega à conclusão de que podemos contratar uma pessoa em qualquer lugar do mundo, que vai funcionar", afirma Eliane Rosa, diretora de Recursos Humanos da empresa. Eliane reforça, no entanto, que a Cobmax continua dando prioridade para profissionais de Rio Preto.
Atualmente, a empresa está com 40 oportunidades. Todas no sistema de home office. Desde que o trabalho remoto foi implantado, a produtividade dos colaboradores melhorou, avalia. Em outubro, a empresa realizou uma pesquisa com os funcionários e constatou que 42% deles gostaria de permanecer com o trabalho totalmente remoto; 26% prefere trabalhar apenas um dia da semana de forma presencial e 17% gostaria de ficar metade da semana em trabalho remoto. Apenas 7% não gostaria de trabalhar e casa.
"As respostas foram surpreendentemente positivas e já pensamos em manter esse sistema depois da pandemia. A nossa ideia é de que a empresa volte parcialmente, em um sistema híbrido", diz Eliane.
A possibilidade de trabalhar de casa tem sido um aspecto vantajoso mesmo para quem já estava disposto a trocar de cidade. Designer, Erica Nakamine, 30 anos, estava preparada para deixar São Carlos em busca de uma oportunidade de emprego quando soube que uma empresa de Rio Preto havia aberto um processo seletivo. "Eu estava projetando me mudar para cidades que possuem mais postos de trabalho, já que no interior existem poucas empresas do ramo de tecnologia", lembra. Ela se candidatou para o cargo de analista de sistemas na Shift, empresa de Rio Preto. Erica foi contratada e há três meses integra o quadro de funcionários da empresa. "Penso que no futuro essa possibilidade de não ter que se mudar será uma prioridade para as pessoas", reforça.
Desde o início das regras de distanciamento social, A Shift flexibilizou para os novos colaboradores a escolha de trabalhar presencialmente ou de casa. "As empresas de tecnologia já estavam contratando nesse sistema e a pandemia só potencializou essa migração", afirma Maria Cristina Bertolino, gerente de desenvolvimento humano e organizacional da empresa. Contemplando um cenário pós-vacina, Maria Cistina diz que a Shift já pensa em adotar o modelo híbrido. "O mercado mudou e para a gente concorrer e atrair os melhores profissionais temos que seguir a tendência", destaca Cristina.
Poder estar próximo de família e aproveitar melhor o tempo livre também é uma das prioridades do analista de sistemas Cesar Ferreira Nhola, 41 anos, de Campinas. Há três anos, ele integra o quadro de funcionários da empresa de tecnologia. Antes da pandemia, a rotina de Nhola consistia em passar a semana em Rio Preto e o fim de semana em Campinas, onde continuavam morando a mulher e os filhos. "Foi a oportunidade de ficar próximo da minha família. A empresa investe muito em comunicação corporativa, para que mesmo de longe, a gente tenha a sensação de pertencimento".