- segunda-feira, 05 de fevereiro
Tradução de Patricia Reis Buzzini
Sabemos que as bibliotecas guardam coisas muito importantes. Mas, pra que serve a literatura? Por que gastamos tempo lendo romances ou poemas enquanto grandes coisas acontecem lá fora? Vejamos alguns benefícios da literatura:
1) Ganhamos tempo
Embora pareça perda de tempo, na verdade, a literatura é a melhor forma de ganhar tempo, pois possibilita o contato com uma série de emoções e eventos que levaríamos anos, décadas e milênios para conhecer. A literatura é um grande “simulador de realidade”, uma máquina que nos coloca em contato com muito mais situações do que seríamos capazes de vivenciar. Ela nos fazer perceber, de maneira segura, como é se divorciar ou matar alguém e sentir remorso por isso. Ou abandonar o trabalho e ir para o deserto. Ou cometer um erro terrível ao governar um país. Ela acelera o tempo para vermos a história de uma vida, da infância à terceira idade. Ela nos dá a chave do palácio e seus incontáveis quartos, de forma que possamos avaliar a nossa vida em relação à dos outros. Apresenta-nos a pessoas fascinantes: um general romano, uma princesa francesa do século 11, uma mãe russa de classe média embarcando num romance... Leva-nos através dos continentes e dos séculos. A literatura cura o provincianismo e, sem muito custo, transforma-nos em cidadãos do mundo.
2) Passamos a ser pessoas mais legais
A literatura realiza a mágica básica de mostrar como as coisas são do ponto de vista de outra pessoa. Permite-nos considerar as consequências de nossas ações nos outros de um jeito que, de outra forma, não seria possível. E mostra-nos exemplos de pessoas gentis, generosas e compreensivas. A literatura, geralmente, opõe-se ao sistema de valores dominantes, que recompensa apenas o dinheiro e o poder. Os escritores estão do outro lado, fazem-nos apreciar ideias e sentimentos de grande importância, mas que não conseguem espaço na televisão de um mundo cínico e interesseiro.
3) É uma cura para a solidão
Somos mais estranhos do que parece. Geralmente, não podemos dizer tudo o que pensamos. Mas, nos livros, encontramos descrições de quem realmente somos e de como alguns eventos ocorrem, descritos com uma honestidade que é difícil de encontrar em conversas triviais. Nos melhores livros, é como se o autor nos conhecesse mais do que nós mesmos. Ele encontra as palavras para descrever as experiências especiais, frágeis e estranhas de nossas vidas: a luz do sol numa manhã de verão; a ansiedade que sentimos numa reunião; a sensação do primeiro beijo; a inveja de um amigo que abriu um novo negócio; a ânsia que sentimos dentro do trem ao olhar para o perfil de um passageiro com o qual não tivemos coragem de falar. Os escritores abrem as nossas mentes e corações e fornecem os mapas de nós mesmos, para que possamos navegar com mais confiança e com menos sentimentos de paranoia e de perseguição. Como disse o escritor norte-americano Waldo Emerson: “Nas obras de grandes escritores, encontramos nossos próprios pensamentos negligenciados.” A literatura é um corretivo para a superficialidade e fortalece os laços de amizade. Os livros são nossos grandes amigos, sempre à mão, nunca ocupados, oferecendo relatos exatos de como são as coisas.
4) Ficamos preparados para o fracasso
Durante toda a vida, um dos nossos maiores medos é falhar, vacilar, virar o que os tabloides chamam de “perdedor”. Todos os dias, a mídia traz histórias de fracasso. O que é interessante é que a literatura também fala do fracasso. De uma forma ou de outra, muitos romances, peças e poemas falam sobre pessoas que hesitaram, cometeram erros, desapontaram o parceiro, ou morreram após ficarem endividadas. Se a mídia as conhecesse, faria picadinho delas. Mas grandes livros não julgam de forma tão cruel ou unidimensional. Eles nos fazem sentir pena do herói e medo por nós mesmos, ao reconhecermos que também podemos destruir nossas vidas. Mas se a literatura é mesmo capaz de fazer tudo isso, deveríamos tratá-la de maneira diferente. Tendemos a enxergá-la como uma distração, um entretenimento, algo para se levar para a praia. Mas a literatura é muito mais do que isso, na verdade, ela é uma forma de terapia. Deveríamos aprender a tratá-la do mesmo jeito que os médicos tratam os remédios, como algo que prescrevemos para determinadas doenças, e classificá-la de acordo com o problema. A literatura merece um lugar de prestígio por uma simples razão: porque é uma ferramenta que nos ajuda a viver e a morrer com um pouco mais de sabedoria, bondade e sanidade.
Fonte: www.theschooloflife.com
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