- domingo, 11 de março
A brasileira Marcia Barbosa foi anunciada como uma das cinco escolhidas na 15.ª edição dos Prêmios L'Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência, que distribui US$ 100 mil para cada pesquisadora em reconhecimento por seus estudos.
Marcia, que esteve na segunda-feira (22) no Rio de Janeiro para a reunião anual da União Internacional de Física Pura e Aplicada (Iupap, na sigla em inglês), da qual é vice-presidente, vê a premiação como oportunidade de mostrar que "cientistas são normais".
"É uma grande chance de mostrar que mulheres podem se dedicar à ciência e ter uma vida normal, com família, e ter charme. É uma carreira muito divertida. Nós não somos louquinhas. O preconceito ainda é muito forte", afirmou a cientista, diretora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ela investirá parte do prêmio no laboratório de Fluidos Complexos e em viagens a trabalho para as quais é convidada.
Para concorrer ao prêmio é preciso ser indicada por colegas. O nome de Marcia foi apontado pelos americanos Anneke Senger e Michael Fisher e pelo brasileiro Constantino Tsallis pela descoberta de uma anomalia na água que pode explicar desde como ocorrem terremotos ao surgimento de uma doença autoimune.
"Anomalia é tudo o que não é comum. Como a água é abundante, a gente não presta atenção de que isso é incomum. A gente não vê ferro líquido, nitrogênio líquido, não tem como comparar. Mas a água tem mais de 60 anomalias. A gente é feito de água, tudo é feito de água. As anomalias na água impactam a nossa vida fortemente", diz Marcia.
Ela se dedicou à anomalia da difusão. A cientista faz a comparação com o trânsito: quando aumenta o número de carros nas ruas, o tráfego fica lento. Na água ocorre o oposto. "Quando a temperatura está razoavelmente alta e começa a comprimir a água, ou seja, o número de partículas aumenta, essas partículas andam mais depressa. Isso é pouco usual. A gente descobriu que a água se move mais rápido e conseguiu ver o mecanismo na simulação em computador."
Esse mecanismo ocorre quando a água interage. Se essa interação ocorre com uma proteína, por exemplo, pode afetá-la e desencadear uma doença autoimune. "Antes os pesquisadores só olhavam a proteína. Mas o comportamento anômalo da água explica os sistemas biológicos."
História
Marcia, de 52 anos, namora e não tem filhos. Filha de um militar eletricista, passou a infância consertando objetos com o pai. No ensino médio, em uma escola pública em Canoas (RS), tornou-se responsável pelo laboratório da escola. Descobriu a vocação para a ciência e contrariou os planos da família, que sonhava com uma médica ou engenheira.
Quando perguntada por que nunca aceitou os convites para atuar fora do País, responde: "Estudei em escola pública. Esse povo pagou toda a minha educação. Não seria correto da minha parte, agora que estou podendo produzir, ir embora". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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