Com três anos de atraso e R$ 16,5 milhões mais caro em relação à previsão inicial, o novo terminal de ônibus urbanos de Rio Preto, que consumiu R$ 64,2 milhões de recursos federais, finalmente entra em operação hoje, mas começa a ser testado para valer a partir da próxima segunda-feira. Trata-se de uma estrutura concebida sob expectativa de vida útil e funcionalidade suficientes para acompanhar o desenvolvimento e as demandas de Rio Preto por ao menos meio século, à altura de sua grandiosidade e do investimento.
O conceito do novo terminal deve ser observado, a propósito, em um plano mais amplo, além dos limites da Praça Cívica, onde está a megaestrutura central. Um dos desafios será promover a plena sintonia com o projeto de mobilidade urbana do município, especialmente em relação à operacionalidade dos corredores exclusivos de ônibus e miniterminais que prometem descentralizar e dinamizar o sistema de embarque e desembarque de passageiros.
O fluxo de veículos na chegada e saída do complexo e no seu interior vai mostrar, na prática, até que ponto terá influência um detalhe específico: as novas plataformas comportam 35 ônibus simultaneamente, cinco a menos que o anterior. A aposta da administração municipal é que as novas instalações terão a vantagem de permitir fluxo mais dinâmico para os veículos, embora desconsidere que, em alguns anos, haverá demanda para a colocação de mais carros em circulação. Hoje o sistema conta com 75 mil usuários por dia, uma clientela que deve aumentar, principalmente se a cidade eleger representantes com sensibilidade suficiente para identificar a importância de desenvolver políticas de sustentabilidade, incluindo incentivo para tornar o transporte público atraente ao ponto de convencer as pessoas a deixar veículos particulares em casa.
Relevante destacar que a dinâmica do fluxo interno dependerá da forma como se dará acesso ao novo terminal. Aqui, é preciso lembrar a polêmica opção encontrada para receber os ônibus que chegarão da zona sul, pela avenida Andaló. Os veículos vão subir pelo viaduto Abreu Sodré e, próximo à avenida Philadelpho, deverão usar alça à direita, entrando por baixo do mesmo viaduto. O obsoleto Abreu Sodré, que receberá esse tráfego adicional, está com capacidade de peso limitada a 15 toneladas segundo laudo de engenharia contratado pela Prefeitura. Uma gambiarra que, definitivamente, destoa do conjunto nababesco da obra.