Desde cedo nos acostumamos com as despedidas. Dos amiguinhos que mudam de escola ou de cidade, do primeiro amor, dos familiares que partem antes de nós, dos colegas de trabalho que vão para um novo emprego. O fato é que desde cedo elas acontecem o tempo todo e muitas vezes nos surpreendemos porque vão embora pessoas especiais que encontramos, que gostaríamos que ficassem por muito mais tempo. Mas essas vão embora mesmo sendo incríveis e que tenham compartilhado os melhores momentos de nossas vidas. Somos vítimas e protagonistas das despedidas. Nós também entramos e saímos da vida das pessoas. Ciclos se abrem e se fecham
o tempo todo e está tudo bem.
Em um texto, a escritora Martha Medeiros diz que as pessoas entram em nossas vidas por uma razão: "É geralmente, para suprir uma necessidade que você demonstrou. Elas vêm para auxiliá-lo numa dificuldade, te fornecer orientação e apoio, ajudá-lo física, emocional ou espiritualmente". Elas estão lá pela razão que você precisa que estejam lá. "Então, sem nenhuma atitude errada de sua parte, ou em uma hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para levar essa relação a um fim. Às vezes, essas pessoas morrem. Às vezes, eles simplesmente se vão. Às vezes, eles agem e te forçam a tomar uma posição. O que devemos entender é que nossas necessidades foram atendidas, nossos desejos preenchidos e o trabalho delas, feito. As suas orações foram atendidas. E agora é tempo de ir", escreveu a escritora.
Encerramento de ciclos
Em muitas ocasiões, vemos as pessoas queridas se afastarem do nosso caminho. Os motivos são muitos. Muitas vezes, a vida encerra seu ciclo", diz a terapeuta holística e psicoterapeuta Karina Sensales. Em outras ocasiões, decidimos nos afastar, mas seja lá qual for o motivo, nada invalida o que se viveu. Devemos olhar para trás com um sorriso no rosto e a certeza de que a nossa existência foi muito melhor por ter tido esse encontro. "Devemos cultivar a certeza de que o encontro foi o presente maior e de que a despedida faz parte dos ciclos que se encerram para que novos comecem", explica.
Das pessoas com as quais convivemos, o que temos de mais precioso não é a presença física delas - ressalta Karina - mas sim as memórias que nos deixam e como nos modificam. E isso, segundo ela, não se perde com o tempo. Ninguém pode nos tirar. No nosso caminho, devemos exercitar isso: olhar para as pessoas com as quais cruzamos e passear pelas lembranças que nos deixam, lembrar das reflexões que nos instigaram e das gargalhadas soltadas pelos caminhos que percorremos. "Devemos carregar dentro de nós um pouco de cada um que participou dos nossos caminhos. Olhares que enriquecem os nossos olhares quando permitimos que a verdade do outro se junte à nossa", complementa. Certamente, nos tornamos pessoas melhores depois que compartilhamos a vida.
Precisamos aprender a aceitar e a liberar as pessoas que, às vezes, por algum motivo, precisam seguir outro caminho e focar a atenção em outros grupos. Isso não significa que tenham te excluído da vida delas ou que tenham deixado de fazer parte da sua vida por alguma razão específica. "Precisamos aceitar que as pessoas passam pela nossa vida e há uma troca. Muita gente vem para nossa vida para trocar conhecimento, acrescentar conhecimento, mesmo que às vezes de uma forma dolorosa", diz a terapeuta holística Vânia Medeiros.
Por meio das pessoas, nós crescemos, aprendemos coisas que nos engrandecem. Fazemos o mesmo com elas e essa troca é constante. "Na maioria das vezes, quando as pessoas se vão, ficamos entristecidos, principalmente quando é alguém de que gostamos ou temos um pouco mais de afinidade", diz ainda. Como lidar com isso? "Temos de praticar a aceitação, desapegar e aceitar que todo mundo tem o direito de passar pela nossa vida, contribuir de alguma forma pra gente, com as nossas experiências, nosso conhecimento, nossa energia, nosso afeto e depois elas seguem outro caminho".
Troca de experiências
O ponto central das chegadas e partidas é a troca de experiências. As pessoas passam pela nossa vida, acrescentam e nós também acrescentamos à vida das pessoas.
Aprender a lidar com o afastamento é importante porque a vida é um ciclo para todo mundo, cada um vive seu ciclo de forma diferente. "Vivemos inúmeros ciclos a vida inteira: entramos e saímos de grupos, nos afastamos das pessoas por necessidades que independem delas", explica Vânia.
Aceite esses ciclos de movimento, de novas pessoas, novas oportunidades, novas situações, novas experiências e assim, vamos carregando essas pessoas com a gente, o que é gostoso porque nos acrescentaram algo bom na vida.
Foque sempre na gratidão, no sentimento agradável por ter tido a oportunidade de ter convivido com determinada pessoa. "As pessoas vão para outras histórias e estarão focadas naquilo. Isso não significa que estão te abandonando, desprezando", diz.