Na série 'You', protagonista usa a tecnologia para descobrir tudo sobre a jovem que ele está obcecado
Recentemente, a Netflix lançou no Brasil a série "You" (ou "Você", em português). A produção, inspirada pelo livro de Caroline Kepnes, conta a história de um gerente de uma livraria que acaba cruzando com uma aspirante a escritora e se apaixona. A partir daí, ele mostra que é capaz de fazer qualquer coisa para conquistá-la. E 'qualquer coisa' define bem suas atitudes.
Usando a internet e as mídias sociais disponíveis para levantar praticamente todas as informações sobre a jovem e, assim, se aproximar dela, o que poderia se tornar uma história de amor típica de romances açucarados acaba virando uma obsessão em que o protagonista faz qualquer coisa para conquistar sua paixão.
A série logo se tornou um sucesso e inclusive despertou uma série de brincadeiras envolvendo até a famosa música do grupo Molejo, com a frase "não era amor, era cilada". Mas "Você" também mostrou que nossa relação com a internet deve ser repensada e deixou muita gente assustada com as possibilidades que esse mundo apresenta.
Só de acessar as redes sociais de sua paixão, como Instagram e Facebook, o protagonista da série consegue descobrir praticamente toda a rotina da personagem e informações importantes que fazem com que ele se torne irresistível a ela - em um primeiro momento, pelo menos.
Segundo a advogada Andressa Senefonte, especialista em Direito Digital e sócia do escritório Senefonte Silva, em Rio Preto, nós estamos extremamente vulneráveis na vida online que construímos. "Embora se diga que vivemos em uma era de informação e conhecimento, eu particularmente acredito que vivemos em uma era de exposição excessiva por conta da tecnologia".
E a sequência de erros que cometemos não tem fim, explica Andressa. "O conceito de certo e errado é muito relativo. Erro para uns pode significar acertos para outros. Contudo, alguns comportamentos merecem atenção e maiores cuidados. Entre eles, o excesso de exposição no mundo digital. Hoje, basta dedicar um tempo de pesquisa sobre uma pessoa e é possível descobrir sua intimidade, suas rotinas e comportamentos que a própria pessoa não tem consciência que estão tão explícitos".
Ainda entre os cuidados que devem ser tomados na internet, a advogada lista o fato de não lermos os termos de uso de uma rede social ou aplicativo. "Essa leitura se faz obrigatória para que as pessoas entendam as autorizações, os dados que elas estão cedendo por conta de um clique". E a lista segue: clicar em telas sem ler, curtir e compartilhar notícias falsas, acreditar que a internet é uma terra sem lei e não utilizar mecanismos de segurança em seus dispositivos.
Para o especialista em tecnologia da informação Renato Costa Ribas, as pessoas realmente não entendem como é o uso de redes sociais e aplicativos e como as regras se aplicam, tornando-as vulneráveis. E não se preocupar com a segurança e sua privacidade na rede é um dos maiores erros que cometemos.
"Manter perfis em redes sociais públicos e não ler e compreender a política de privacidade de cada serviço que consumimos na internet. Boa parte dos serviços gratuitos oferecem tais serviços a troco de uso das informações pessoais, seja na forma de estatísticas para analisar tendências de compras e comportamento ou até mesmo o compartilhamento dessas informações para parceiros".
E o brasileiro está entre os usuários de internet com menos cuidado, diz Renato. "Uma pesquisa sobre segurança da Kaspersky Lab afirma que os brasileiros estão mais preocupados com sua imagem online do que com sua segurança online. Esse dado indica que existe uma tendência de aumento dessa exposição".
Essa pesquisa ainda identificou, segundo o especialista, que um dos maiores arrependimentos dos usuários é ter compartilhado imagens vergonhosas em redes sociais, tanto suas quanto de outras pessoas. "Inclusive, 30% dos latino-americanos admitiram ter enviado fotos íntimas a seu cônjuge ou amigos - destes, 40% são jovens entre 18 e 24 anos. E outros 43% afirmaram ter recebido imagens íntimas de pessoas próximas".
Cuidados
A dica de Renato para tentar melhorar esse cenário é analisar a necessidade de utilização do serviço e compreender os riscos envolvidos no uso dessas ferramentas. "O ideal é restringir o acesso sempre que possível para quem queremos compartilhar informações, assim, obrigatoriamente, essas só ficam expostas após aceite de um convite. Sempre optar por autenticação em duas etapas, principalmente se fazemos uso em diversos computadores".
Para a advogada, entender e evitar os erros citados são a base para uma vida online mais saudável. "Cuidado com aquilo que publicamos na internet; ler e entender os termos de uso dos aplicativos; não clicar em qualquer coisa acreditando em benefícios exagerados; checar as informações antes de curtir e compartilhar; utilizar mecanismos de segurança e criptografia. Acima de tudo ter um comportamento de respeito com o próximo. Em caso de dúvida, procurar um advogado especializado em direito digital".
Mas também nem sempre dá para prever, segundo Andressa, quando uma pessoa não é confiável. "É praticamente impossível saber, em um primeiro momento, se a pessoa ou pessoas do outro lado possuem comportamento criminoso ou não. Na realidade, mal-intencionados são experts no quesito engenharia social, que é a arte de reunir informações sobre suas vítimas e se aproximar sem que elas percebam os verdadeiros objetivos".
É neste momento que a gente deve parar, prestar atenção e também seguir o nosso "feeling", afirma a psicóloga organizacional e coordenadora do curso de psicologia da Unirp, Juliana Ferrari. "Temos que ouvir nosso radar quando sentimos aquela primeira sensação de que a gente não gostou de alguma pessoa, que aquela pessoa não inspira confiança. Além disso, devemos prestar atenção no outro, verdadeiramente. É importante. Veja se essa pessoa tem amigos em comum, procure conhecer a família, o que a pessoa faz".
Outros cuidados importantes para a aproximação é analisar a própria natureza da relação. "Pessoas más não vêm com cara de mal. Analise se estão forçando a natureza da relação humana, por exemplo, ou apresentam alguns comportamentos estranhos, como isolamento, agressividade, maldade. Tudo isso pode ser um indício de alguém que pode representar risco".
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