Mais que uma rede social, o Instagram se transformou na plataforma predileta de pequenos e grandes empreendedores que buscam gravar seu nome na internet e, com pouco ou quase nenhum custo, vender seus produtos e serviços. A ferramenta funciona como uma espécie de vitrine virtual para quem não tem espaço físico e um ótimo meio de chegar a novos consumidores. Entretanto, não basta sair postando fotos, é preciso entender como funciona a plataforma e, principalmente, o público que se quer atingir.
O publicitário Emerson Mistico, professor do Senac de Rio Preto, afirma que a primeira coisa a qual o pequeno empreendedor deve se ater é o objetivo que busca ao usar determinada mídia, no caso o Instagram. "Não é porque é uma mídia que todo mundo usa que ele precisa estar lá. Ele precisa saber se seu público está no Instagram, se essa mídia é usada pelas pessoas que compram seu produto ou serviço".
Se interação é palavra de ordem, acompanhar o comportamento do público é fundamental para entender se a empresa está indo pelo caminho certo. Segundo Mistico, o empreendedor deve fazer testes para ver as respostas dos seguidores e acompanhar os resultados por meio de planilha, caso não tenha uma empresa que faça esse trabalho. "Como engajamento se pode considerar compartilhamentos, curtidas e, principalmente, comentários".
O estudo do público deve ser feito ao longo de um tempo, observando quando e quanto ele interage, se faz comentários positivos, negativos, se participa do conteúdo publicado. Há ainda uma série de ferramentas de monitoramento, inclusive gratuitas, que podem ser baixadas no computador ou mesmo celular. "Pela planilha dá para ir colocando os dados e números para entender o comportamento", afirma.
Ao começar, o empreender deve criar uma conta comercial, dessa forma obtém informações como dias em que há mais fluxo de pessoas, horários e melhor dia para postar. "A partir disso, precisa criar conteúdo relevante para sua audiência, ou seja, postar informações que sejam interessantes para o público-alvo", completa Marta de Paula, especialista em marketing digital.
A grande dica, segundo Marta, é não postar apenas produtos, já que desta maneira a chance de desinteresse pelo conteúdo é grande. Fazer promoções e ofertas exclusivas para os seguidores é uma boa pedida. A palavra chave das mídias sociais é interação, então, é preciso pensar em sempre manter um diálogo com o público. "Os posts de venda precisam ser feitos de maneira mais velada. É possível, com o tempo, fazer vendas, mas a empresa precisa ir fazendo testes, criando relacionamento e engajamento", ressalta o especialista Emerson Mistico.
Os dois profissionais do setor são enfáticos ao dizer que não existe uma receita ou fórmula mágica para que a empresa consiga fechar vendas pelo Instagram. Tudo começa pelo tipo de produto e serviço. "É preciso dedicação, mas os fatores mais relevantes são conteúdo que engaja, interação constante com os seguidores, fazer e responder perguntas, publicar no horário correto e por último e não menos importante, entender as necessidades do seu cliente e como você pode ajudá-lo", diz Marta.
Quando se fala em mídias sociais, as fotos são as grandes protagonistas, por isso é necessário cuidado com a qualidade da resolução e com o contexto da imagem. Fotos com muita informação e poluição visual acabam não vendendo bem o produto. Segundo Marta, menos é mais. "Uma poderosa dica relacionada a textos é que a legenda deve ser objetiva, nada de textos longos. Como regra, as pessoas não costumam ler mais do que duas linhas".
Para conhecer seu público
- Automação de Marketing - RD Station Marketing
- Email Marketing - Mailchimp
- Marketing de Conteúdo - Rock Content
- SEO/SEM - Google Search Console
- Análises - Google Analytics
Para organizar as publicações
- UNUM - diagramador de feed, em que se visualiza o gride antes da postagens, além de programar dias e horários
Apps indispensáveis
- VSCO - gratuito, para edição de imagens
- Repost - gratuito (tem a versão paga) usado para compartilhamento de imagens e vídeos publicados por outros usuários
- PicFlow - (gratuito com compras no aplicativo) usado para criação de apresentações de slides
- Sprout Social/Iconosquare - (pagos) usado para gerenciamento de mídias sociais
Fonte - Marta de Paula, especialista em marketing digital
Emerson Mistico reforça ainda que os vídeos têm ganho cada vez mais força no Instagram. Hoje, o Stories - espaço para pequenas histórias de pessoas e divulgação de marcas, produtos e serviços - funciona quase como um reality show e desperta muito interesse dos seguidores. Ele destaca que a publicação não precisa ser uma superprodução, mas se for de baixa qualidade, a pessoa pode não dar valor. "Para uma boa campanha, o conteúdo publicado precisa ser relevante, de acordo com cada público, com cada produto", afirma. Segundo Marta, vídeos vendem melhor do que fotos.
A quantidade de postagens também varia de negócio para negócio, mas para Marta, o ideal é, no mínimo uma vez e, no máximo, três por dia. Nesse caso, com intervalos para que possam ser absorvidas. "Deve-se priorizar a qualidade da publicação e não a quantidade. O empreendedor não pode esquecer de usar diariamente o stories, nele a quantidade de publicações pode ser um pouco maior, entre cinco e dez vídeos".
A preocupação com a estética é uma prerrogativa do Instagram. Segundo Marta, uma das regras de ouro para se dar bem nas mídias sociais é manter uma simetria e organização. "Por isso, manter um feed bonito garante bons resultados. O texto das legendas deve se manter no mesmo tom, ou seja, mais brincalhão ou mais sério, dependendo do negócio", afirma.
As hashtags também são instrumentos eficazes. Elas funcionam como hiperlinks que organizam diversos conteúdos sobre o mesmo tema. Segundo Marta, o número ideal é de no máximo três hashtags, mas de maneira estratégica, ou seja, pesquisando as que estão mais em alta e que agregam maior alcance do conteúdo. Para saber o melhor horário para postar basta olhar a análise na própria conta comercial, que é feita de maneira individualizada. Marta afirma que, por experiência, às 12h e às 21h são os horários de melhor audiência.
Um tema polêmico que sempre vêm à tona quando se fala de Instagram, especialmente para uso comercial, é a famosa compra de seguidores. Alguns especialistas defendem, mas os dois entrevistados pela reportagem não consideram essa uma boa ideia, embora muita gente ainda acredite que onde está cheio é porque é bom, numa analogia a bares ou mesmo lojas.
"Seguidores comprados não são pessoas qualificadas para o público da sua empresa. Podem ser pessoas interessadas em comprar peças de carro e não roupas, por exemplo", afirma Mistico. Por isso, é preciso manter a determinação para obter seguidores de forma orgânica e espontânea. (LM)
A confeiteira Jessyca Basmaji, do Atelier Du Fouet, usava o Instagram pessoal quando começou a trabalhar com doces, há cerca de cinco anos. Ela postava as fotos de bolos e doces, e os amigos começavam a pedir. Para chegar aos amigos dos amigos foi um pulo. "De repente a demanda de clientes começou a aumentar e criei um perfil apenas profissional", disse. São 3.723 seguidores obtidos de forma orgânica.
Hoje, é pelo Instagram que é feita a maior parte das vendas, cerca de 80%, - todas por encomenda. A empresária não tem loja física, mas tem seguidores de várias partes do País. Ela até chegou a pesquisar os custos de uma empresa de comunicação para gerenciar a página, mas por enquanto o investimento não é viável. "Pesquisei bastante na internet, vi os trabalhos de outras pessoas, tem muito tutorial que ensina também".
Sobre as hashtags, ela diz que também pesquisa antes de escolher a que vai usar, procurando saber o quão famosa é a palavra. E como também vende em Frutal, Minas Gerais, quando está trabalhando lá foca as hashtags que possam atender àquele público. "Tento fazer duas publicações por dia. Faço o vídeo de quando estou fazendo a cobertura de um bolo. Tem de ser a mulher polvo: gravar os lances da produção e ao mesmo tempo não deixar perder o ponto", brinca.
Segundo Jessyca, a preocupação principal é com a beleza dos doces e bolos nas fotos e vídeos, já que também pela rede social se come com os olhos. Muitas vezes, quando a produção é grande, ela já fotografa todos os produtos para ir alimentando a página ao longo dos próximos dias. E, quanto a publicações patrocinadas, ela prefere fazer no Facebook, pois o retorno no Instagram não requer investimentos. "Tem surtido muito efeito", diz. Ela também trabalha em eventos com um bar de brigadeiro. (LM)