Pacientes diagnosticados com depressão já contam com uma nova ferramenta on-line no combate aos sintomas da doença. O programa interativo "Deprexis" oferece ao usuário uma avaliação do que ele está sentindo durante toda a semana num prazo de 90 dias e propõe soluções com base na terapia cognitivo-comportamental. Mas só é possível utilizar o programa se houver aprovação do médico e inclusão do número do registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).
O programa é o primeiro do tipo a ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária no Brasil (Anvisa), o segundo País do mundo a utilizá-lo, depois da Alemanha, onde foi criado, segundo seu fabricante. O Deprexis é um dispositivo médico com inteligência artificial cujo propósito é auxiliar o paciente de depressão em seu tratamento. Ele não substitui as consultas com psicólogos e psiquiatras, nem o tratamento convencional.
A depressão atinge 322 milhões de pessoas no mundo, segundo levantamento feito em 2015 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o que corresponde a 4,4%.
A ferramenta oferece tratamento personalizado a cada paciente, com diálogos individuais, ensino de técnicas para automonitoramento e acompanhamento por e-mail. A licença para uso do produto custa R$ 990.
O Deprexis funciona através de diálogos com o paciente, tirando suas dúvidas e ensinando técnicas para que reconheça seus próprios sintomas. São oferecidas dez abordagens psicológicas, incluindo, além dos aspectos cognitivos e comportamentais, coisas como lidar com pensamentos negativos, melhorias de habilidades sociais e técnicas de resolução de problemas. O usuário pode imprimir os resultados e compartilhá-los com seu médico ou terapeuta.
"O conteúdo do diálogo inclui tópicos explorados principalmente pela terapia cognitiva tradicional, mas também por outras intervenções psicoterápicas. Entre elas, podemos citar psicoeducação, ativação comportamental, solução de problemas, relaxamento e intervenções da psicologia positiva", explica o psiquiatra Irismar Reis de Oliveira, professor da Universidade Federal da Bahia.
Tecnologia como aliada
Outras ferramentas on-line já existem à disposição do público. A diferença é que esta é a primeira a receber a aprovação de um órgão oficial no País. "Hoje temos de lidar com a tecnologia e tanto a psiquiatria quando outras especialidades têm cada vez mais ferramentas tanto na área de inteligência artificial quando na de realidade virtual. Essa é uma realidade, e acredito que teremos cada vez mais aplicativos aperfeiçoados para atender pacientes com depressão e que vão ajudar muita gente", diz o psiquiatra Ururahy Botosi Barroso.