- sexta-feira, 29 de junho
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A terapia celular, que recorre ao uso de células-tronco, tem possibilitado inúmeras conquistas no tratamento de doenças autoimunes - aquelas em que o sistema imunológico do corpo ataca células saudáveis. É o caso da doença de Crohn, uma inflamação crônica intestinal que afeta todo o sistema digestivo (da boca ao ânus). Médicos têm obtidos excelentes resultados por meio da terapia celular, eliminando a necessidade de medicamento e até de cirurgia.
Rio Preto é uma das pioneiras no Brasil nesse tipo de tratamento. E também é daqui a primeira publicação científica sobre o assunto, o livro Terapia Celular na Doença de Crohn, à venda no site da Amazon. A obra é de autoria de três médicos da cidade que são os únicos do País a utilizar a terapia celular no tratamento dessa doença autoimune: o proctologista Roberto Luiz Kaiser Junior, o endoscopista Luiz Gustavo de Quadros e o hematologista Milton Artur Ruiz, que fazem parte do corpo clínico do Hospital Beneficência Portuguesa.
O lançamento da publicação teve uma repercussão tão positiva na área médica que os três já estão preparando uma versão em inglês, além de serem responsáveis por um dos capítulos do livro que será lançado pelo médico norte-americano Richard Burt, que pesquisa os avanços da terapia celular na medicina. Burt, aliás, é responsável pelo prefácio do livro lançado pelos médicos de Rio Preto.
Segundo Kaiser Junior, o procedimento é similar ao transplante de medula óssea para tratamento de linfoma. "O transplante de células-tronco é feito para mudar o sistema imunológico do paciente que convive com a doença de Crohn. Elas vão gerar um sistema imunológico novo, dando ao paciente uma nova chance de começar do zero", conta o proctologista, que compara o transplante à formatação de um computador.
No livro, os três médicos relatam os resultados obtidos nos últimos cinco anos, quando realizaram, em Rio Preto, o primeiro transplante de células-tronco para tratamento da doença de Crohn. E o objetivo foi alcançado, 96% das pessoas que passaram pelo procedimento não necessitam mais de medicamento.
De acordo com o proctologista, que é especialista em cirurgia digestiva, os medicamentos usados no tratamento do Crohn são à base de corticoide e imunossupressores. "Há ainda ainda opções biológicas, ou seja, anticorpos que são lançados no organismo para combater os anticorpos que ocasionam a doença", acrescenta.
No entanto, mais da metade dos pacientes não apresenta uma resposta positiva aos medicamentos, estando sujeita a cirurgia para retirada de parte do intestino. "Uma pessoa que convive com a doença de Crohn tem 80% de chance de passar por uma cirurgia. Por isso, a terapia celular representa uma grande evolução nesse sentido", destaca.
A doença de Crohn é bastante invasiva, comprometendo todas as camadas da parede intestinal: mucosa, submucosa, muscular e serosa. Tem início com maior frequência na segunda e terceira décadas de vida, mas pode afetar qualquer faixa etária.
Essa doença ataca especialmente o íleo terminal (parte inferior do intestino delgado) e o cólon. Ela também é conhecida por Ileíte, enterite regional ou colite, dependendo qual região afeta.
Sua causa ainda é desconhecida, mas evidências científicas a relacionam a uma desregulação no sistema imunológico, além de fatores genéticos, ambientais, dietéticos e infecciosos.
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